17.10.05

Pactos para patos



Quanto vale um pa(c)to?

Confesso algo que não abona muito a meu favor: estive a ver o Rambo! Ainda por cima o III, o pior. Que hei-de fazer? Gosto de filmes de acção. Ás vezes o básico é o melhor: o herói ganha, salva o mundo e o bem! E o Domingo a tarde, aconchegado quente e confortável no sofá, é agradavelmente passado… É preciso pouco para contentar um homem.

Mas o assunto não é esse.

Este filme é muito interessante dado o actual contexto.

O herói americano junta-se ás vítimas afegãs na sua luta rebelde contra o império maligno invasor. Os mujahedin resistem bravamente, como em toda a sua história, pela sua cultura e independência… E na sua luta contra o cruel invasor ganham o “coração” do sentimental Jonh, que, em nome da justiça, da honra, da amizade e do bem, faz daquela a sua guerra, aliando-se, num pacto de sangue, aos guerrilheiros de Álá.

O interessante é que esses lutadores sagrados enaltecidos pelo filme (cuja dedicatória é feita ao bravo povo afegão e à sua luta) são aquilo a que hoje se chama … Alcaeda!

Há pouco tempo atrás os americanos davam apoio económico e militar a esses guerrilheiros árabes. Davam-lhes apoio logístico e “know-how”. E, com isso, incentivo e legitimidade. Nomadamente aos chefiados por Bin laden! O mesmo que agora é o próprio demónio em pessoa!
É curioso ver o filme e perceber como tudo está na mesma embora um dos lados tenha assumido o papel oposto, igual ao que antes combatia. E por motivos não muito diversos.

Não me importa aqui entrar em discursos sectários de defesa ou ataque, fazer julgamentos sumários, ou procurar encontrar quem atirou a primeira pedra…

O que acho interessante é perceber como se passa de uma situação de aliança e até amizade, muitas vezes baseados em pactos de honra e sangue, para outra situação de inimizade mortal. E em tão pouco tempo!

Quanto vale um pacto?
É tudo muito bonito, mas, vendo as coisas com uma certa distancia, tudo parecem joguetes de egos pelos seus interesses circunstanciais. Interesses sempre traduzíveis em $. E a amizade, honra, religião, juras de fidelidade eternas e outras coisas que tais são conversa fiada. Desculpas. Floreados. Coisa de…patos!

1 comment:

Mary Lamb said...

Disse-me a minha tia um dia: 'A César o que é de César', a propósito da minha letargia no trabalho que foi finalmente arquivada. Parece que a Alcaeda está a devolver, de uma forma bem própria, o que recebeu..Como eu devolvo o esforço merecido aos senhores que confiam em mim. Finally!