Press-release: perigo, o quarto poder é o primeiro!
Os dilemas da comunicação e informação...
Uma das realidades que mais me tem feito reflectir ultimamente é a questão da comunicação entre as pessoas e a credibilidade da informação! Mais propriamente o “ouvi dizer”, o burburinho, os rumores, as especulações, as fofocas. E em especial esse burburinho que é feito por aqueles que escrevem e falam em jornais, sejam eles televisivos, de papel, ou de zeros e uns, ou seja, os ditos jornalistas e as suas noticias. Interessa-me especialmente estes pois são os que têm mais projecção, mais poder, mais influência. Não só porque dispõem de mais meios, mas também porque estamos predispostos a dar-lhes mais credibilidade. E no entanto...
size:85%;">Desconfio mais de tudo o que se diz e de quem o diz. Não de trata de crer nas teorias da conspiração ou achar que o sistema é mau. Ele é o que é, e creio que a maioria das pessoas se esforça para fazer o melhor que pode e sabe com a mais honestas das intenções, que não sendo quase nunca puras, creio que são, ainda assim, boas. E as corruptelas que distorcem e inventam a informação estão tanto do lado de quem a produz como de quem a consome, até porque o “busilis” da questão é precisamente a interpretação dos ditos factos, neste caso os factos que seriam a substância da informação. E a questão é justamente essa: o que é um facto? Um facto dito objectivo, um realidade que não dependa da interpretação sempre subjectica de uma pessoa, uma verdade absoluta universal...existirá? Creio que não.
Outra questão importante é a avidez das pessoas pelo negativo, seja a critica, a pura maldicência ou mesmo o mórbido.
Qualquer um que se detenha a observar com atenção e profundidade este fenômeno numa qualquer área, nomeadamente aquelas onde nos inserimos profissionalmente, percebe que é fácil ver todo tipo de versões sobre os mesmos factos. Eu observo isso diariamente no mundo do yôga, que eu conheço bem por dentro. E tal como no yôga, fora dele é igual . Na política espanhola e no espectaculo mediático que a envolve isso é fantástico de observar. Aqui há jornais, rádios e tvs dos dois bandos principais (e também os afectos aos grupos minoritários), cada qual em plena campanha permanente pelo seu sector, cada qual dando a sua versão do mesmo mundo, e muitas vezes dos mesmo factos, que lidos em jornais diferentes parecem coisas opostas! Os partidos políticos não apenas sabem que isso é assim. Eles estão metidos por dentro desse jogo, jogam-no como actores informativos (sempre discretos, mais ou menos dissimuladamente), e sinceramente é quase impossível discernir onde começa e acaba a informação, o facto, o informador... O que veio primeiro? O ovo ou a galinha? O facto político ou a noticia política? Eu diria que há factos políticos para além das noticias, mas todos as noticias são factos políticos em si mesmas. Quais os critérios que podem distinguir claramente um programa de informação de um infomercial? Onde começa e acaba o marketing ou a opinião e começa um relato supostamente descritivo, ou até “objectivo”? Como podemos estar sempre cientes de quem financia ou contracta o jornalista, a sua empresa e a sua peça jornalistica? Quais os poderes ocultos que se movem discretamente por trás para nos convencer com informação supostamente independente e até "cientifica"? Não sei. Mas sei que o chamado quarto poder nem sempre é o quarto no ranking misturado e oscilante dos poderes sociais.
Em Espanha é muito interessante observar tudo isto no chamado o “circo da F1”. Não esquecendo que aqui há um bi campeão do mundo a lutar pelo terceiro titulo consecutivo. Some-se a paixão típica do carácter latino do espanhol e temos um verdadeiro espectáculo mediático que ultrapassa muito as corridas, as boxes, as oficinas e fábricas, ou até mesmo o mundo dos patrocínios. Basicamente, e para resumir, os jornais e jornalistas espanhóis são mais espanhóis que jornalistas. E são fanáticos do F. Alonso. E como qualquer fã querem possuir o seu ídolo. Viver um pouco da sua vida. Quiça até influênciá-la! Alguns jornalistas fazem-no, contando à partida que terão milhões de espectadores para embarcarem com avidez e ansiedade nas suas alucinações informativas, muitíssimo mais dadas a especulação pura e dura do que a algum tipo de informação dita objectiva. É muito engraçado: o F. Alonso dá uma entrevista cuidadosamente calculada para não dizer nada polémico, tentando acalmar os ânimos, tudo dentro do ultra politicamente correcto, essa entrevista ás vezes até é reproduzida integralmente, e logo os jornalistas conseguem encontrar uma vírgula, uma expressão ocular, uma pausa mística no discurso (ou uma fonte secreta e nunca comprovada) por onde retiram todo tipo de ilações que transcendem e até pervertem em absoluto o que acabaram de dizer os entrevistados! O curioso é que os títulos, resumos e comentários conseguem dizer o contrário do que o facto-entrevista (que muitas vezes nem sequer existe) queria dizer. O certo é que este espectáculo mediático (nunca melhor apelidado de circo) tem repercussões no desenrolar das próprias corridas e classificações. Como mínimo cria uma expectativa e tensão que afecta os próprios pilotos e suas equipas. Mas claro, se não fosse por tudo isto eles também não teriam contratos no valor de tantos milhões!
E isto nem sequer chega perto da alucinação coletiva e “informativa” do chamado caso Madaleine (ou o da Casa Pia, por exemplo)! Isso sim é esclarecedor quanto à falta de objectividade e doses industriais de interesses insuspeitos e emocionalidade colectiva que inflamam o mundo noticioso, não só pelo lado de quem produz como do lado de quem consome! Tenho visto advogados, médicos e engenheiros a consumir estas histórias como se mais uma novela se trata-se, mais um BB ou “sobreviventes”. Talvez por isso, porque o objectico é diversão e evasão, nem sequer valha a pena parar um momento para pensar: não será tudo um espetáculo informativo que me estão aqui a vender porque sabem que eu quero entretenimento para me alienar um do stress diário? E sim, vender, porque ao contrário do que se pensa os telejornais e outros noticiários pagam-se em forma de custos de publicidade que depois nos cobram aos comprar os produtos no supermercado!
E isto vale igual para tudo. Tanto para as noticias sobre as guerras como para o futebol, as fofocas familiares ou entre amigos. É a questão da comunicação social. Com ênfase no social.
Fico a perguntar-me? Até que ponto confiar? Quantas e quais fontes consultar? Não seria melhor deixar de ler e ouvir noticiários? Afinal de contas, aquilo que realmente for importante eu ficarei a saber mais tarde ou mais cedo. E o restante, os outros 99% de show prefiro deixá-los para ter espaço e permitir entrar (in-) conteúdos realmente formativos (-formação). Ou melhor ainda: practicar yôga, meditar! Conhecimento directo.
No fundo nem é assim tão grave. Quase sempre onde há fumo há fogo. Quase. E apesar de não crer que “a verdade vem sempre ao de cima” creio que uns tempos depois dos ânimos acalmados, já com quase tudo consumado e sem direito ás devidas reparações por eventuais injustiças, o que fica será bastante próximo à substância dos factos. Pelo menos gosto de pensar que a realidade não é total e profundamente esquizofrênica. Ainda assim me interrogo sobre quantas daquelas realidades que hoje consideramos factos históricos “provados”, não serão um conto do vigário que assentou bem. Mas se não é fácil estabelecer bases seguras quanto ao presente o que dizer quanto ao passado?
Nem sei se é para rir ou para chorar. Como sempre prefiro rir das minhas próprias contemplações.
Uma das realidades que mais me tem feito reflectir ultimamente é a questão da comunicação entre as pessoas e a credibilidade da informação! Mais propriamente o “ouvi dizer”, o burburinho, os rumores, as especulações, as fofocas. E em especial esse burburinho que é feito por aqueles que escrevem e falam em jornais, sejam eles televisivos, de papel, ou de zeros e uns, ou seja, os ditos jornalistas e as suas noticias. Interessa-me especialmente estes pois são os que têm mais projecção, mais poder, mais influência. Não só porque dispõem de mais meios, mas também porque estamos predispostos a dar-lhes mais credibilidade. E no entanto...
size:85%;">Desconfio mais de tudo o que se diz e de quem o diz. Não de trata de crer nas teorias da conspiração ou achar que o sistema é mau. Ele é o que é, e creio que a maioria das pessoas se esforça para fazer o melhor que pode e sabe com a mais honestas das intenções, que não sendo quase nunca puras, creio que são, ainda assim, boas. E as corruptelas que distorcem e inventam a informação estão tanto do lado de quem a produz como de quem a consome, até porque o “busilis” da questão é precisamente a interpretação dos ditos factos, neste caso os factos que seriam a substância da informação. E a questão é justamente essa: o que é um facto? Um facto dito objectivo, um realidade que não dependa da interpretação sempre subjectica de uma pessoa, uma verdade absoluta universal...existirá? Creio que não.
Outra questão importante é a avidez das pessoas pelo negativo, seja a critica, a pura maldicência ou mesmo o mórbido.
Qualquer um que se detenha a observar com atenção e profundidade este fenômeno numa qualquer área, nomeadamente aquelas onde nos inserimos profissionalmente, percebe que é fácil ver todo tipo de versões sobre os mesmos factos. Eu observo isso diariamente no mundo do yôga, que eu conheço bem por dentro. E tal como no yôga, fora dele é igual . Na política espanhola e no espectaculo mediático que a envolve isso é fantástico de observar. Aqui há jornais, rádios e tvs dos dois bandos principais (e também os afectos aos grupos minoritários), cada qual em plena campanha permanente pelo seu sector, cada qual dando a sua versão do mesmo mundo, e muitas vezes dos mesmo factos, que lidos em jornais diferentes parecem coisas opostas! Os partidos políticos não apenas sabem que isso é assim. Eles estão metidos por dentro desse jogo, jogam-no como actores informativos (sempre discretos, mais ou menos dissimuladamente), e sinceramente é quase impossível discernir onde começa e acaba a informação, o facto, o informador... O que veio primeiro? O ovo ou a galinha? O facto político ou a noticia política? Eu diria que há factos políticos para além das noticias, mas todos as noticias são factos políticos em si mesmas. Quais os critérios que podem distinguir claramente um programa de informação de um infomercial? Onde começa e acaba o marketing ou a opinião e começa um relato supostamente descritivo, ou até “objectivo”? Como podemos estar sempre cientes de quem financia ou contracta o jornalista, a sua empresa e a sua peça jornalistica? Quais os poderes ocultos que se movem discretamente por trás para nos convencer com informação supostamente independente e até "cientifica"? Não sei. Mas sei que o chamado quarto poder nem sempre é o quarto no ranking misturado e oscilante dos poderes sociais.
Em Espanha é muito interessante observar tudo isto no chamado o “circo da F1”. Não esquecendo que aqui há um bi campeão do mundo a lutar pelo terceiro titulo consecutivo. Some-se a paixão típica do carácter latino do espanhol e temos um verdadeiro espectáculo mediático que ultrapassa muito as corridas, as boxes, as oficinas e fábricas, ou até mesmo o mundo dos patrocínios. Basicamente, e para resumir, os jornais e jornalistas espanhóis são mais espanhóis que jornalistas. E são fanáticos do F. Alonso. E como qualquer fã querem possuir o seu ídolo. Viver um pouco da sua vida. Quiça até influênciá-la! Alguns jornalistas fazem-no, contando à partida que terão milhões de espectadores para embarcarem com avidez e ansiedade nas suas alucinações informativas, muitíssimo mais dadas a especulação pura e dura do que a algum tipo de informação dita objectiva. É muito engraçado: o F. Alonso dá uma entrevista cuidadosamente calculada para não dizer nada polémico, tentando acalmar os ânimos, tudo dentro do ultra politicamente correcto, essa entrevista ás vezes até é reproduzida integralmente, e logo os jornalistas conseguem encontrar uma vírgula, uma expressão ocular, uma pausa mística no discurso (ou uma fonte secreta e nunca comprovada) por onde retiram todo tipo de ilações que transcendem e até pervertem em absoluto o que acabaram de dizer os entrevistados! O curioso é que os títulos, resumos e comentários conseguem dizer o contrário do que o facto-entrevista (que muitas vezes nem sequer existe) queria dizer. O certo é que este espectáculo mediático (nunca melhor apelidado de circo) tem repercussões no desenrolar das próprias corridas e classificações. Como mínimo cria uma expectativa e tensão que afecta os próprios pilotos e suas equipas. Mas claro, se não fosse por tudo isto eles também não teriam contratos no valor de tantos milhões!
E isto nem sequer chega perto da alucinação coletiva e “informativa” do chamado caso Madaleine (ou o da Casa Pia, por exemplo)! Isso sim é esclarecedor quanto à falta de objectividade e doses industriais de interesses insuspeitos e emocionalidade colectiva que inflamam o mundo noticioso, não só pelo lado de quem produz como do lado de quem consome! Tenho visto advogados, médicos e engenheiros a consumir estas histórias como se mais uma novela se trata-se, mais um BB ou “sobreviventes”. Talvez por isso, porque o objectico é diversão e evasão, nem sequer valha a pena parar um momento para pensar: não será tudo um espetáculo informativo que me estão aqui a vender porque sabem que eu quero entretenimento para me alienar um do stress diário? E sim, vender, porque ao contrário do que se pensa os telejornais e outros noticiários pagam-se em forma de custos de publicidade que depois nos cobram aos comprar os produtos no supermercado!
E isto vale igual para tudo. Tanto para as noticias sobre as guerras como para o futebol, as fofocas familiares ou entre amigos. É a questão da comunicação social. Com ênfase no social.
Fico a perguntar-me? Até que ponto confiar? Quantas e quais fontes consultar? Não seria melhor deixar de ler e ouvir noticiários? Afinal de contas, aquilo que realmente for importante eu ficarei a saber mais tarde ou mais cedo. E o restante, os outros 99% de show prefiro deixá-los para ter espaço e permitir entrar (in-) conteúdos realmente formativos (-formação). Ou melhor ainda: practicar yôga, meditar! Conhecimento directo.
No fundo nem é assim tão grave. Quase sempre onde há fumo há fogo. Quase. E apesar de não crer que “a verdade vem sempre ao de cima” creio que uns tempos depois dos ânimos acalmados, já com quase tudo consumado e sem direito ás devidas reparações por eventuais injustiças, o que fica será bastante próximo à substância dos factos. Pelo menos gosto de pensar que a realidade não é total e profundamente esquizofrênica. Ainda assim me interrogo sobre quantas daquelas realidades que hoje consideramos factos históricos “provados”, não serão um conto do vigário que assentou bem. Mas se não é fácil estabelecer bases seguras quanto ao presente o que dizer quanto ao passado?
Nem sei se é para rir ou para chorar. Como sempre prefiro rir das minhas próprias contemplações.
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