Café, drogas, vícios, investimentos pessoais e liberdade.
Aqui em Espanha o café custa 1 euro. Alguns sítios 1 e 10 centimos, ou até 1 e 20 centimos. Eu bebia em média dois por dia, o que dá cerca de 60 euros ao mês! Mais ou menos o custo de um mês de practica de Yôga! Para quê?
Eu até curtia café. Bebi desde pequeno o leitinho com café ao pequeno almoço. Desde pequeno que vi os meus pais beberem, especialmente o meu pai, o qual acompanhava desde muito pequeno aos cafés, e algumas das imagens mais antigas que me lembro são do café Baú, no rossio, um daqueles cafés antigos, amplos, com muita madeira, onde eu comia uma queijada de amêndoa enquanto os meus pais faziam a sua pequena tertúlia, que por alturas do pós 25 de Abril deviam ser muito mais animadas que nos dias individualistas, materialistas, consumistas e hedonistas que correm. E foi desde aí que o hábito (ou vicio) se criou. Não é tanto o café em si, que no inverno até é agradável beber bem quentinho, estimulando a digestão (e viciando a digestão também). Dizia que não é bem o café, é o estabelecimento onde o café se bebe. O local de encontro de amigos, a tertúlia, essas tertúlias que eu também tive muitas na adolescência, e que adorava. Ainda hoje, em que essas tertúlias só raramente acontecem, o ir beber um café é sobretudo um “ir ao café”, falar com alguém, ler os jornais, etc. Parar um momento. É o momento “zen”.
Pois nos meus tempos cheguei a beber cerca de 3 a 4 cafés ao dia. Nada de mais se pensarmos que o meu pai, e muitos como ele, bebiam 10 ou mais sem culpas. Em Portugal, 4 a 5 cafés por dia (uma quantidade muito comum) custa cerca de 70 euros por mês. Na Espanha custa cerca de 140. E veja-se que não estamos a falar nos outros hábitos-vicios comuns da nossa sociedade como o tabaco (mais 70 a 90 euros mês), nem no álcool (150 euros mês?), nem no haxixe (10 euros mês?), nem nas outras drogas como cocaína e tais que já nem sei os nomes (100 euros por mês?) nem nas comidas fora de casa incluindo os petiscos fora de horas (melhor nem fazer essa conta, pelo menos é comida), nem em nada dessas coisas que fazem a factura mensal de um ibérico alcançar facilmente os 400 a 500 mês! 400 a 500 euros mês em vícios prejudiciais à saúde, que em geral ainda por cima dão pouco prazer e realização pessoal a quem os consome. Aliás, costumam deixar uma bela ressaca e uma sensação de vazio horrorosa no dia seguinte. Para além do vazio da carteira claro. E isto fazendo as contas por baixo! Há por aí quem gaste mais.
Mas estávamos só no café. 70 euros mês em Portugal, 140 em Espanha. E há pessoas que acham caro pagar 60 por um mês de classes de Yôga (4 horas por semana), que lhes dá saúde a curto, médio e longo prazo. Saúde para além do mais que podem extrair do Yôga, nomeadamente uma cultura, uma educação, a mais valiosa de todas, a auto-educação! E quem diz o Yôga diz uma viagem, pois com 840 euros (em Portugal), 1680 (em Espanha) já dá para fazer uma bela viagem. Ou pagar parte significativa das propina das faculdades publicas. Ou não ter de ser o pai a pagar a prestação completa do carro, ou da casa... Enfim. Eu no ano em que voltei para Lisboa para acabar o curso de Direito não estava com dinheiro de sobra para o Yôga, que eu queria. Mas pensei que se deixa-se de fumar já tinha o correspondente para a mensalidade. E parei! Ganhei o Yôga. E o resto, a saúde por exemplo, é um grande bônus.
Podia agora começar a fazer contas ao custo ecológico (o gasto de água, o consumo de plástico, etc) que implica tomar café. Ou dos custos para a a balança econômica do país que o consumo excessivo de café e respectivo açúcar acarretam devido ao preço de ter de importar tantíssimas toneledas de café (muitos milhões de dólares) a países terceiros. Poderia alegar que o café prejudica o sono, e este o trabalho e por essa via a economia, etc. Mas para quê? Quem é que pára com um vicio em nome da ecologia, ou da melhoria do défict comercial? Quiçá o custo às finanças pessoais seja significativo para fazer pensar o consumidor. E digo às finanças porque a saúde individual não parece importar muito à maioria das pessoas.
De qualquer forma, eu que já tinha parado com o tabaco, o álcool e as outras drogas, ainda não me tinha livrado deste pequeno-grande vicío. Há mais de um ano que bebia 2 descaféinados por dia. Isso acabou no dia 1 de Janeiro de 2008. Pelo menos até agora é uma dessas promessas de ano novo que se está a cumprir.
Pois já que tanto se fala de liberdade, e eu que gosto de pensar que tenho um mínimo de livre arbítrio (pequeno, muito pequeno), penso que o mínimo que se pode fazer é pô-lo em practica. Tal como com o tabaco o vicio é 60% psicológico. Pelo menos. Quando fumava só de pensar em ficar sem tabaco ficava ansioso. No dia em que parei não senti nada. Com o café igual. Antes se não bebia doía-me imenso a cabeça a partir das 12 horas sem beber. No dia me que parei, parei. Não senti nada. Não digo que o tabaco ou o café não tenham a sua componente física. Têm sim. Por exemplo é incrível o efeito que esses vícios podem assumir sobre a digestão ou sobre o sono. Quem bebe 5 cafés pensa que não, mas quem só bebe um pela manhã sabe bem que se beber outro à noite pode passar a noite em branco. E quem fuma pode ter ataques de ansiedade se fica sem tabaco umas horas antes de dormir. Mas creio que pelo menos 60% de tudo isso é psicológico. E estou a ser comedido nas minhas afirmações (na realidade creio que 90% das adições em geral é psicológico, pelo menos para mim). Assim, se é psicológico, se a psique manda, basta mudar a psique para mudar o vicio. Basta mandar na psique. Basta escolher. Basta exercer a liberdade de mudar um habito-vicio.
Pensava que estas promessas de ano novo não resultavam, mas pelos vistos podem funcionar. Que mais alguém se renove com confiança neste novo ano. As pequenas coisas às vezes fazem grandes diferenças.
Ainda poderia pensar em supervisionar outros pequenos hábitos que são bastante supérfluos. Ou a própria a alimentação que mexe com quase tudo e ainda está longe de ser a minha alimentação perfeita. Mas cada vez mais me interessa ir directo para outro nível: os vícios do próprio pensamento, a sexualidade, as tendências latentes, os samskaras, os vasánas, os vrittis... Está aí diversão para toda uma Vida.
Eu até curtia café. Bebi desde pequeno o leitinho com café ao pequeno almoço. Desde pequeno que vi os meus pais beberem, especialmente o meu pai, o qual acompanhava desde muito pequeno aos cafés, e algumas das imagens mais antigas que me lembro são do café Baú, no rossio, um daqueles cafés antigos, amplos, com muita madeira, onde eu comia uma queijada de amêndoa enquanto os meus pais faziam a sua pequena tertúlia, que por alturas do pós 25 de Abril deviam ser muito mais animadas que nos dias individualistas, materialistas, consumistas e hedonistas que correm. E foi desde aí que o hábito (ou vicio) se criou. Não é tanto o café em si, que no inverno até é agradável beber bem quentinho, estimulando a digestão (e viciando a digestão também). Dizia que não é bem o café, é o estabelecimento onde o café se bebe. O local de encontro de amigos, a tertúlia, essas tertúlias que eu também tive muitas na adolescência, e que adorava. Ainda hoje, em que essas tertúlias só raramente acontecem, o ir beber um café é sobretudo um “ir ao café”, falar com alguém, ler os jornais, etc. Parar um momento. É o momento “zen”.
Pois nos meus tempos cheguei a beber cerca de 3 a 4 cafés ao dia. Nada de mais se pensarmos que o meu pai, e muitos como ele, bebiam 10 ou mais sem culpas. Em Portugal, 4 a 5 cafés por dia (uma quantidade muito comum) custa cerca de 70 euros por mês. Na Espanha custa cerca de 140. E veja-se que não estamos a falar nos outros hábitos-vicios comuns da nossa sociedade como o tabaco (mais 70 a 90 euros mês), nem no álcool (150 euros mês?), nem no haxixe (10 euros mês?), nem nas outras drogas como cocaína e tais que já nem sei os nomes (100 euros por mês?) nem nas comidas fora de casa incluindo os petiscos fora de horas (melhor nem fazer essa conta, pelo menos é comida), nem em nada dessas coisas que fazem a factura mensal de um ibérico alcançar facilmente os 400 a 500 mês! 400 a 500 euros mês em vícios prejudiciais à saúde, que em geral ainda por cima dão pouco prazer e realização pessoal a quem os consome. Aliás, costumam deixar uma bela ressaca e uma sensação de vazio horrorosa no dia seguinte. Para além do vazio da carteira claro. E isto fazendo as contas por baixo! Há por aí quem gaste mais.
Mas estávamos só no café. 70 euros mês em Portugal, 140 em Espanha. E há pessoas que acham caro pagar 60 por um mês de classes de Yôga (4 horas por semana), que lhes dá saúde a curto, médio e longo prazo. Saúde para além do mais que podem extrair do Yôga, nomeadamente uma cultura, uma educação, a mais valiosa de todas, a auto-educação! E quem diz o Yôga diz uma viagem, pois com 840 euros (em Portugal), 1680 (em Espanha) já dá para fazer uma bela viagem. Ou pagar parte significativa das propina das faculdades publicas. Ou não ter de ser o pai a pagar a prestação completa do carro, ou da casa... Enfim. Eu no ano em que voltei para Lisboa para acabar o curso de Direito não estava com dinheiro de sobra para o Yôga, que eu queria. Mas pensei que se deixa-se de fumar já tinha o correspondente para a mensalidade. E parei! Ganhei o Yôga. E o resto, a saúde por exemplo, é um grande bônus.
Podia agora começar a fazer contas ao custo ecológico (o gasto de água, o consumo de plástico, etc) que implica tomar café. Ou dos custos para a a balança econômica do país que o consumo excessivo de café e respectivo açúcar acarretam devido ao preço de ter de importar tantíssimas toneledas de café (muitos milhões de dólares) a países terceiros. Poderia alegar que o café prejudica o sono, e este o trabalho e por essa via a economia, etc. Mas para quê? Quem é que pára com um vicio em nome da ecologia, ou da melhoria do défict comercial? Quiçá o custo às finanças pessoais seja significativo para fazer pensar o consumidor. E digo às finanças porque a saúde individual não parece importar muito à maioria das pessoas.
De qualquer forma, eu que já tinha parado com o tabaco, o álcool e as outras drogas, ainda não me tinha livrado deste pequeno-grande vicío. Há mais de um ano que bebia 2 descaféinados por dia. Isso acabou no dia 1 de Janeiro de 2008. Pelo menos até agora é uma dessas promessas de ano novo que se está a cumprir.
Pois já que tanto se fala de liberdade, e eu que gosto de pensar que tenho um mínimo de livre arbítrio (pequeno, muito pequeno), penso que o mínimo que se pode fazer é pô-lo em practica. Tal como com o tabaco o vicio é 60% psicológico. Pelo menos. Quando fumava só de pensar em ficar sem tabaco ficava ansioso. No dia em que parei não senti nada. Com o café igual. Antes se não bebia doía-me imenso a cabeça a partir das 12 horas sem beber. No dia me que parei, parei. Não senti nada. Não digo que o tabaco ou o café não tenham a sua componente física. Têm sim. Por exemplo é incrível o efeito que esses vícios podem assumir sobre a digestão ou sobre o sono. Quem bebe 5 cafés pensa que não, mas quem só bebe um pela manhã sabe bem que se beber outro à noite pode passar a noite em branco. E quem fuma pode ter ataques de ansiedade se fica sem tabaco umas horas antes de dormir. Mas creio que pelo menos 60% de tudo isso é psicológico. E estou a ser comedido nas minhas afirmações (na realidade creio que 90% das adições em geral é psicológico, pelo menos para mim). Assim, se é psicológico, se a psique manda, basta mudar a psique para mudar o vicio. Basta mandar na psique. Basta escolher. Basta exercer a liberdade de mudar um habito-vicio.
Pensava que estas promessas de ano novo não resultavam, mas pelos vistos podem funcionar. Que mais alguém se renove com confiança neste novo ano. As pequenas coisas às vezes fazem grandes diferenças.
Ainda poderia pensar em supervisionar outros pequenos hábitos que são bastante supérfluos. Ou a própria a alimentação que mexe com quase tudo e ainda está longe de ser a minha alimentação perfeita. Mas cada vez mais me interessa ir directo para outro nível: os vícios do próprio pensamento, a sexualidade, as tendências latentes, os samskaras, os vasánas, os vrittis... Está aí diversão para toda uma Vida.
1 comment:
achas que se eu eliminar todos os outros vásanas e mantiver só o café, chego ao samádhi??? diz que sim, por favor!!! hihihii sabes que pus-me a pensar nessas contas noutro dia e depois parei porque n queria descobrir quanto gasto por mês em café... obg por me dizeres ;)
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