15.12.04

Crise!

Crise grave!

(Tony armado em analista económico!)

Portugal está a entrar numa crise grave. E parece-me que está para durar. E piorar.

Fala-se que tivemos dois anos de austeridade e que agora iria melhorar tudo outra vez. Essa análise parece-me errada. Não houve austeridade. Apenas estagnação económica e algum esforço do governo para não fazer a costumeira gestão esbanjadora. Tentaram fazer a contenção de gastos orçamentais que deveria ser normal e comum. Mas para nós foi excepcional!

Durante muitos anos expandimo-nos muito devido ao dinheiro vindo da UE. Os países mais ricos compraram-nos o mercado. A conjunctura internacional também ajudou. Crédito barato é sempre bom. Inflação baixa. Estabilidade politica. Liberdade para os agentes económicos. Etc. Tudo a favor. Todo esse “income” extraordinário resultou em grandes facilidades de crescimento ao qual nos habituamos mal. E o qual aproveitamos mal. Compramos muitos BMW , Mercedes e afins. Fizemos e compramos muitas casas. Descobrimos as férias e as viagens. Enfim, gastamos! Gastamos grande parte comprando bens de consumo a quem nos estava a “dar” o $. Também gastamos bastante a pagar a menor taxa de desemprego da Europa, com custos para a concorrência, produtividade e desenvolvimento económico em geral (em Espanha passou-se quase o oposto, e hoje é uma das economias mais pujantes do mundo! E o desemprego tem vindo a baixar…). Gastamos para manter alguma indústria já ultrapassada (sobretudo têxtil) a funcionar mais uns anos sem necessidade de se modernizar. Não planeamos e preparamos a globalização iminente.

Acho que não resistimos a gastar depois daqueles anos todos de miséria (económica e criativa, etc.) e não soubemos, ou quisemos, ou conseguimos investir. Investir para agora criar e produzir.

Gastamos até não haver mais. Que foi em para aí em 1998. Depois ainda continuamos mais algum tempo na loucura até esgotar as possibilidades de endividamento algures em 2000. E depois começamos este processo (retrocesso) agonizante, que me parece ainda não ter acabado.
Estamos a começar a pagar a factura da festa.

Resultado: crise.

O défice orçamental anda há anos nos limites aceitáveis, mas apenas devido ao recurso a receitas extraordinárias. E quando não houver mais nada de valor para privatizar? A economia não atravessava um período tão longo de estagnação desde a 2ª guerra mundial! Cresceu menos de 0,5% nos últimos quatro anos. Foi das vinte economias que menos cresceu em todo mundo. (Vi estes últimos dados no jornal de ontem, e tinham como fonte alguns dos mais conceituados economistas portugueses. Fiquei chocado ainda que não totalmente surpreendido).
A retoma da economia ainda vai demorar. E não é garantido que voltemos ao lento caminho da convergência económica com os países mais ricos.
Os governos não têm coragem de concretizar as tão faladas reformas estruturais (tantas vezes estudadas, anunciadas, publicitadas…) na A.P., na justiça, saúde, etc. É quase garantido que perderiam as eleições, se é que lá chegavam! Os agentes económicos não sabem com que contar, devido à instabilidade politica nacional e dos mercados internacionais. Ainda mais com os terrorismos vários, de Estado e os outros.

Não dá muito jeito que os E.U.A tenham feito uma guerra para controlar os recursos energéticos, e ainda por cima fazem-nos pagar a guerra através do petróleo mais caro. Foi boa jogada, para eles. Principalmente os proprietários das companhias petrolíferas e de armamento, que devem ser mais ou menos os mesmos.

Estamos totalmente dependentes dos outros. Da U.E.. Do preço do petróleo. Do eventual aumento das taxas de juro internacionais. Dos desequilíbrios das maiores economias do mundo. Do perigo de um abrandamento brusco da economia chinesa. São tudo factores de risco excepcionalmente alto para a economia mundial e de que estamos absolutamente dependentes . É rezar!

O mercado está cada vez mais aberto não só à U.E cada vez mais alargada e a leste, mas também aos E.U.A, china, Índia, etc. Não conseguimos competir.

O comércio está totalmente revolucionado. Quase todo dentro de novas e enormes catedrais do consumo. Quase todo Franshising de marcas estrangeiras. O comércio tradicional, de pequenos comerciantes independentes e familiares já está perto da morte oficial. Na prática já morreu só que ainda não avisaram alguns últimos distraídos.

Estaremos condenados a ser um país de empregados mal pagos? Com algum turismo de qualidade média aproveitando o Sol?

Ainda tenho uma esperança: as novas gerações, onde me incluo!

Não acredito que nós, a maioria com um grau de instrução académica elevado, nos conformemos em ser empregados mal pagos a fazermos trabalhos automáticos de pouca qualificação e sem criatividade e autonomia.

Deve vir aí desemprego do grande. Vamos ceder, emigrar (para onde?), ou dar a volta por cima tornando-nos empreendedores criativos, corajosos e competentes?

A ideia de emigração não me soa assim tão mal…

Enfim logo se vê.

Mas que isto está mal está. E vai de mal a pior!

E eu até costumo ser optimista.

António

1 comment:

Anonymous said...

Estupidez
Estupidez gananciosa
Leva-me o país prá cova
Estupidez gananciosa
Leva-me o país prá cova
Gestores, tangas, aldrabões
Já só falam de milhões
Mesmo que o resto fique a olhar
Sem ter um sítio seu para morar

Qualquer dia é tudo francês
Ou alemão
Mas não português

E depois
E depois, morreram as vacas
Ficaram os bois
Foram-se os dedos
Ficaram os anéis
E o resto
Anda tudo aos papéis
E é por isso
Que a meu ver
Está tudo mal, está tudo mal
Nesta Europa de Portugal

Qualquer dia é tudo francês
Ou alemão
Mas não português
Falta pedir ao rei espanhol
Licença para ir apanhar Sol

Uns à volta do tractor
Outros ó sr. doutor
Quem me tira desta aflição
Agarra-me aqui com a mão

Eu até era um homem honesto
Nunca fiz nada funesto
Pedi à Europa para me apoiar
E agora a minha sina é roubar

1º Ministro
1ª Dama
E tu, queres ir prá cama
Anda tudo a ver se mama
Nesta união da tanga

Qualquer dia é tudo inglês
Ou italiano
Mas não português

E depois
E depois, morreram as vacas
Ficaram os bois
Foram-se os dedos
Ficaram os anéis
E o resto anda tudo aos papeis

E é por isso que a meu ver
Está tudo mal, tudo mal
Nesta Europa de Portugal

Qualquer dia é tudo francês
Ou alemão
Mas não português
Falta pedir ao rei espanhol
Licença para ir apanhar Sol

Antes quero ser um Velho do Restelo
Que um fascista sem cabelo

Antes quer ser um Velho do Restelo
Que um fascista sem cabelo

OS XUTOS JA DISSERAM TUDO

Fu-Mega