20.2.06


Insegurança

A insegurança é tramada.

Por causa do medo somos impelidos a criticar os outros (porque se eles forem menos nós parecemos um pouco mais). E costumamos fazer isso de uma forma agressiva. Atacamos por medo.

Falamos de tudo e todos. Mostramos incompreensão e menosprezo. Ridicularizamos e até humilhamos. A maioria das vezes sem querer. De forma inconsciente. Com a melhor das intenções…

E para o quê? Quase sempre só para chamar a atenção. Para sermos ouvidos. Para ouvirmos a nossa própria voz.

E os outros, quase todos atingidos pela nossa fúria, directa ou indirectamente, o que esperamos deles? Além da atenção esperemos aceitação. Exigimos nada menos que admiração e apoio, com alegria, e de forma impávida e serena!

E o que fazemos nós quando estamos do outro lado?

O oposto claro!

Não ouvimos. Não prestamos a mínima atenção. E no entanto melindramo-nos. Melindramo-nos com um pequeno nada qualquer. Um pequeno nada que tinha outro sentido. Um pequeno nada que interpretamos como um ataque pessoal impiedoso com que nos ferimos profundamente e serve de óptimo pretexto para uma explosão qualquer por onde podemos deixar sair todas as nossas frustrações! E óptimo para uma viciosa vitimização.

E o pior é que fazemos isto com as pessoas mais próximas. Que mais nos querem e que mais consideramos. E por isso sentimo-nos ainda pior quando vemos que magoamos quem menos queríamos.

Ciclos viciosos. Tão banais. Tão difíceis de quebrar.

As vezes dá mesmo vontade de bater com a cabeça na parede. Ou até encontrar uma gruta qualquer por onde desaparecer. As relações são complicadas.

Mas, lá está, gostamos de atenção. Por isso não vamos a lado nenhum.

(E também há o outro lado…não é preciso dramatizar!)

1 comment:

cvarao said...

insegurança é tb, por outro lado e de certa forma, a crença de que com a nossa atenção, atenção receberemos... Qd td isso devia ser gratuito, de ambas as partes, pelo prazer de dar. Insegurança é o sentirmo-nos esgotados de tanto dar e 1)não ser apreciado/recolhecido 2) não receber de volta nem "recarregar" a nossa capacidade de dar outra x