O fim dos ideais políticos. Viva a globalização
Um tempo sem esperança
Ainda há gente a falar de esquerda ou direita. A falar de comunismo versus capitalismo, versus liberalismo... Ainda há, mas talvez seja por pouco tempo. Este é o momento em que se torna claro que isso já não faz sentido. Já não faz há muito tempo, mas agora é apenas e só óbvio!
Sejamos claros: o capitalismo não morreu nem vai morrer. O capitalismo foi uma constatação de facto. A melhor parte da análise económico-social feita por Marx. Foi o Marx que inventou teoricamente o capitalismo, que na sua altura era ainda mais óbvio, selvagem e cruel que é hoje. Ele o que observou foi a Vida tal como ela é. Era, porque hoje, pelo menos por estas latitudes, vai um pouco melhor! Claro que ele achou que a vida tal como ela é não devia ser! Ele era humano, inconformista, insatisfeito, revolucionário, idealista. Por isso idealizou o comunismo, a sua própria versão da salvação! Outros idealismos salvadores foram criados, desde o hiperidealismo cientifico (o cientismo), ao mais terreno liberalismo, passando por varias misturas e seus híbridos, e todos falharam. Ou melhor, não falharam, simplesmente não existiram, nem vão existir nunca. São meros modelos teóricos, ideais, radicalismos, sonhos de salvação colectiva. A vida continua a ser o que sempre foi: uma luta tremenda pela sobrevivência, sem quartel, cruel, selvagem, em que os fracos vão sendo comidos vivos pelos mais fortes, fortes que o são momentaneamente, e o deixarão de ser e passarão a ser fracos, o comidos, e morrem! Quem não gosta proteste, reclame, revolte-se, reconstrua. Mas não tenha a menor dúvida, só estará a renovar o que já existe. Se não aguenta, se com isso desespera, suicide-se. Para gente lúcida este tempo, como todos, é sem esperança. Nem esperança nem desespero. Não há solução, o que equivale a dizer: não há problema! É o que é.
Em Portugal como…
Como diz um amigo meu, o PS joga nos dois lados, e nunca se sabe bem para que lado a balança vai pender! E neste momento o PS mais facilmente faria uma aliança com o PP que com o BE ou o PCP! Neste cenário, agravado pelos temores de crise grave (o medo torna todos as maiorias [ainda] mais conservadoras) deixa pouco espaço para o PSD se reorganizar e reafirmar como partido forte e credível. Aliás, o PSD apenas se diferencia muito ligeiramente do PS por ser, teórica e tendencialmente, mais liberal na economia e menos nos costumes, precisamente na contra corrente dos nossos dias. Agora os bancos privados que geram grandes lucros a gerir algumas fortunas são salvos pelo Estado quando entram em rotura. No fundo só assumem os ganhos, porque o risco e os prejuízos são para o Estado, ou seja, para cada um de nós, e nomeadamente para a classe média. É o novo socialismo! Os gestores privados são amigos dos públicos, ou seus sócios, ou ex governantes. Ou futuros governantes. Conceberam o sistema e dominam-no. Aqueles que até há uns meses clamavam bem alto contra o tamanho e intervencionismo do Estado agora aplaudem, reclamam, exigem e agradecem a intervenção estatal nos bancos e na economia em geral, principalmente na economia que salvaguarda as suas fortunas em risco… É muito curioso observar, não só a politica em si, sempre cheia de sentido pratico a defender certos interesses, mas também o comentário politico dos nossos dias, sempre tão entusiasmado, tão convicto, tão emocional, flexível e hipócrita. Os que antes eram da esquerda, os que se afirmavam contra o neo-liberalismo, agora insurgem-se contra a intervenção do Estado na economia, dizendo que isto é socialismo dos ricos e portanto, se é para salvar ricos, não vale a pena nem é legitimo, eles que assumam os riscos do seu sistema, ou seja, defendem na prática, o liberalismo. Já os anteriores pseudo liberais mais de direita agora aparecem angélicos e convictos a defender que o Estado deve intervir, tem de intervir, justificando-se que é para salvar uma economia que é de todos, colectiva, para salvar o sistema de uma derrocada profunda! Estão a defender o socialismo estatizante. É só rir.
Qualquer um sabe que quando as coisas estão mal quem mais paga é que já está pior independente dos ideias e da tipologia do sistema. O “povo” não é vítima nem tolo, é simplesmente mais fraco, e por isso simplesmente aguenta.
E isto é Portugal como é por esse mundo fora.
…no mundo!
Os EUA, inevitável paradigma de capitalismo (pseudo) liberal, foram o epicentro de tudo isto. Os problemas não são deles. Nós somos iguais, somos como eles, somos eles, somos parte do mesmo sistema, como o mesmo tipo de sociedade e economia. Mas como eles são maiores e melhores ainda estão na liderança, e por isso, para bem e para mal, tudo começa lá.
O governo Bush, beligerante, evangélico conservador nos moralismos, pseudo liberais em termos de teoria económica, foram os primeiros a ter a ideia brilhante de ir salvar bancos (na realidade é uma mistura entre bancos, seguradores, sociedades de investimentos e especulação financeira, lavagem de dinheiros, etc.) com muitos biliões dos contribuintes (700 mil milhões de dólares!!!!). E agora já não é só o sector financeiro. Os três grandes construtores de automóveis de Detroit, verdadeiros símbolos da economia americana, e que há décadas andam a viver de mãos dadas ao poder politico (talvez por se acostumarem a essa almofada foram ultrapassados pelos japoneses que agora dominam o mercado) vieram primeiro pedir, agora implorar uma fatia desse bolo, chantageando os estado-unidenses com a sombra da sua falência que causaria muitos milhares de despedimento e lançaria o país e o mundo numa nova grande depressão. Dizem que sem os $ públicos não se podem reorganizar, modernizar, e viabilizar, nem a curto nem a médio e longo prazo. Claro que a médio e longo prazo os lucros vão para os donos, não para os contribuintes!
Quem fala nos EUA de Bush, (e de Obama que seja, porque não será muito diferente), fala também de Brown, Sarkozy, Merkel, Berlusconi, Durão Barroso, etc. E quem diz esses diz o Zapatero e o Sócrates. Que grandes diferenças há?
Na China, herdeiros de cultura mais antiga, capazes de sacrifícios enormes mas também cheios de sentido pratico já há décadas que se deixaram de tretas. Primeiro impuseram um ideal para obrigar o país a unir-se e a fazer sacrifícios gigantes. Depois passaram a dobrar os idealismos revolucionários para os fazer servir os interesses e necessidades básicas. Criaram o sistema híbrido total. É ao mesmo tempo comunista, socialista, capitalista, liberal, ditatorial…e funciona! Vão dominar o mundo. E quando o padrão mundial for o chinês estaremos bem fodidos.
Ou talvez não, porque da forma como as coisas vão a globalização vai impor-se sem tréguas, e já não haverá etnias, nem países, nem culturas, nem ideais. Seremos somente humanos, animais a lutar pelo dia a dia, como sempre.
Ainda há gente a falar de esquerda ou direita. A falar de comunismo versus capitalismo, versus liberalismo... Ainda há, mas talvez seja por pouco tempo. Este é o momento em que se torna claro que isso já não faz sentido. Já não faz há muito tempo, mas agora é apenas e só óbvio!
Sejamos claros: o capitalismo não morreu nem vai morrer. O capitalismo foi uma constatação de facto. A melhor parte da análise económico-social feita por Marx. Foi o Marx que inventou teoricamente o capitalismo, que na sua altura era ainda mais óbvio, selvagem e cruel que é hoje. Ele o que observou foi a Vida tal como ela é. Era, porque hoje, pelo menos por estas latitudes, vai um pouco melhor! Claro que ele achou que a vida tal como ela é não devia ser! Ele era humano, inconformista, insatisfeito, revolucionário, idealista. Por isso idealizou o comunismo, a sua própria versão da salvação! Outros idealismos salvadores foram criados, desde o hiperidealismo cientifico (o cientismo), ao mais terreno liberalismo, passando por varias misturas e seus híbridos, e todos falharam. Ou melhor, não falharam, simplesmente não existiram, nem vão existir nunca. São meros modelos teóricos, ideais, radicalismos, sonhos de salvação colectiva. A vida continua a ser o que sempre foi: uma luta tremenda pela sobrevivência, sem quartel, cruel, selvagem, em que os fracos vão sendo comidos vivos pelos mais fortes, fortes que o são momentaneamente, e o deixarão de ser e passarão a ser fracos, o comidos, e morrem! Quem não gosta proteste, reclame, revolte-se, reconstrua. Mas não tenha a menor dúvida, só estará a renovar o que já existe. Se não aguenta, se com isso desespera, suicide-se. Para gente lúcida este tempo, como todos, é sem esperança. Nem esperança nem desespero. Não há solução, o que equivale a dizer: não há problema! É o que é.
Em Portugal como…
Como diz um amigo meu, o PS joga nos dois lados, e nunca se sabe bem para que lado a balança vai pender! E neste momento o PS mais facilmente faria uma aliança com o PP que com o BE ou o PCP! Neste cenário, agravado pelos temores de crise grave (o medo torna todos as maiorias [ainda] mais conservadoras) deixa pouco espaço para o PSD se reorganizar e reafirmar como partido forte e credível. Aliás, o PSD apenas se diferencia muito ligeiramente do PS por ser, teórica e tendencialmente, mais liberal na economia e menos nos costumes, precisamente na contra corrente dos nossos dias. Agora os bancos privados que geram grandes lucros a gerir algumas fortunas são salvos pelo Estado quando entram em rotura. No fundo só assumem os ganhos, porque o risco e os prejuízos são para o Estado, ou seja, para cada um de nós, e nomeadamente para a classe média. É o novo socialismo! Os gestores privados são amigos dos públicos, ou seus sócios, ou ex governantes. Ou futuros governantes. Conceberam o sistema e dominam-no. Aqueles que até há uns meses clamavam bem alto contra o tamanho e intervencionismo do Estado agora aplaudem, reclamam, exigem e agradecem a intervenção estatal nos bancos e na economia em geral, principalmente na economia que salvaguarda as suas fortunas em risco… É muito curioso observar, não só a politica em si, sempre cheia de sentido pratico a defender certos interesses, mas também o comentário politico dos nossos dias, sempre tão entusiasmado, tão convicto, tão emocional, flexível e hipócrita. Os que antes eram da esquerda, os que se afirmavam contra o neo-liberalismo, agora insurgem-se contra a intervenção do Estado na economia, dizendo que isto é socialismo dos ricos e portanto, se é para salvar ricos, não vale a pena nem é legitimo, eles que assumam os riscos do seu sistema, ou seja, defendem na prática, o liberalismo. Já os anteriores pseudo liberais mais de direita agora aparecem angélicos e convictos a defender que o Estado deve intervir, tem de intervir, justificando-se que é para salvar uma economia que é de todos, colectiva, para salvar o sistema de uma derrocada profunda! Estão a defender o socialismo estatizante. É só rir.
Qualquer um sabe que quando as coisas estão mal quem mais paga é que já está pior independente dos ideias e da tipologia do sistema. O “povo” não é vítima nem tolo, é simplesmente mais fraco, e por isso simplesmente aguenta.
E isto é Portugal como é por esse mundo fora.
…no mundo!
Os EUA, inevitável paradigma de capitalismo (pseudo) liberal, foram o epicentro de tudo isto. Os problemas não são deles. Nós somos iguais, somos como eles, somos eles, somos parte do mesmo sistema, como o mesmo tipo de sociedade e economia. Mas como eles são maiores e melhores ainda estão na liderança, e por isso, para bem e para mal, tudo começa lá.
O governo Bush, beligerante, evangélico conservador nos moralismos, pseudo liberais em termos de teoria económica, foram os primeiros a ter a ideia brilhante de ir salvar bancos (na realidade é uma mistura entre bancos, seguradores, sociedades de investimentos e especulação financeira, lavagem de dinheiros, etc.) com muitos biliões dos contribuintes (700 mil milhões de dólares!!!!). E agora já não é só o sector financeiro. Os três grandes construtores de automóveis de Detroit, verdadeiros símbolos da economia americana, e que há décadas andam a viver de mãos dadas ao poder politico (talvez por se acostumarem a essa almofada foram ultrapassados pelos japoneses que agora dominam o mercado) vieram primeiro pedir, agora implorar uma fatia desse bolo, chantageando os estado-unidenses com a sombra da sua falência que causaria muitos milhares de despedimento e lançaria o país e o mundo numa nova grande depressão. Dizem que sem os $ públicos não se podem reorganizar, modernizar, e viabilizar, nem a curto nem a médio e longo prazo. Claro que a médio e longo prazo os lucros vão para os donos, não para os contribuintes!
Quem fala nos EUA de Bush, (e de Obama que seja, porque não será muito diferente), fala também de Brown, Sarkozy, Merkel, Berlusconi, Durão Barroso, etc. E quem diz esses diz o Zapatero e o Sócrates. Que grandes diferenças há?
Na China, herdeiros de cultura mais antiga, capazes de sacrifícios enormes mas também cheios de sentido pratico já há décadas que se deixaram de tretas. Primeiro impuseram um ideal para obrigar o país a unir-se e a fazer sacrifícios gigantes. Depois passaram a dobrar os idealismos revolucionários para os fazer servir os interesses e necessidades básicas. Criaram o sistema híbrido total. É ao mesmo tempo comunista, socialista, capitalista, liberal, ditatorial…e funciona! Vão dominar o mundo. E quando o padrão mundial for o chinês estaremos bem fodidos.
Ou talvez não, porque da forma como as coisas vão a globalização vai impor-se sem tréguas, e já não haverá etnias, nem países, nem culturas, nem ideais. Seremos somente humanos, animais a lutar pelo dia a dia, como sempre.
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