24.5.13

Os esquerdistas comuno-anarcas, e os liberais conservadores de direita: espelhos de perfeita simetria

Ambos os bandos acham que o sistema está nas mãos do outro bando, e que o outro é o culpado de tudo (auto critica: quase zero).Para a extrema-esquerda todos os demais são neo liberais (ou seja: fachos). Para os liberais tudo o resto são apenas diferentes graus de socialismo-comunismo (ou seja: Estalines em potencia).

Ambos os bandos estão sempre a ver provadas as suas teorias na (mesma) prática. Mas quando pedimos para citarem exemplos reais de aplicação cabal, com bons resultados, das teorias que defendem, não têm nenhum para apresentar. São utopias. 

Ambos os bandos acham que o sistema actual é péssimo e causa de todos os males. E ambos tendem a esquecer o lado bom. Culpam o outro bando por tudo que funciona mal, mas nunca dão mérito ao mesmo bando pelo que funciona bem. Mas nenhum dos bandos gostaria de viver noutro sítio, porque a maioria dos outros sítios são muito piores! Aliás, ambos os bandos, vivem e comem neste, e deste, sistema, de que tanto mal dizem. E gostam. E nunca falam dos custos, a curto e médio prazo, que teria implementar as suas teorias (a longo prazo é tudo tão paradisíaco quanto onírico). Ambos esperam pelo “quanto pior melhor” para verem provadas as suas catastróficas previsões, e seres-lhes dada razão! E, se possível, poder!

Ambos os bandos têm pouco poder, porque o poder está no centrão, que não é nem comunista nem liberal, nem conservador, nem corporativo, nem socialista...O centrão é uma mistura complexa e em permanente mutação de quase tudo, para bem e para mal. Por isso todas as críticas acertam no alvo. Mas nenhuma tem completa razão.

Ambos os bandos acham que há soluções fáceis e rápidas, e óbvias, que poderiam e deveriam ser implementadas, para bem geral. O problema é o outro bando, que não deixa. O outro bando domina o poder, através de influências mais ou menos claras e conspirativas. É o sistema, com a sua cultura… No fundo, o problema, para ambos os bandos, são “só”… as pessoas, é “só” a realidade!

Ambos os bandos estão ancorados em divisões esquerda e direita, que são primeiro e sobretudo emocionais. E depois, como são pessoas cultas e inteligentes, justificam os seus sectarismos com uma verborreia socioeconómica de finais do século XIX, que pouco evoluiu desde então. Os esquerdalhos só vêm problemas no mercado e no individuo. Os liberais nunca vêm problemas no mercado e no indivíduo, culpam o Estado de tudo. Mas o bode expiatório é o mesmo para ambos: ambos passam a vida a culpar os políticos e o Estado de tudo, seja por fazer demais , ou de menos, ou mal...Ambos odeiam os políticos do sistema. Mesmo que até apoiem e sejam próximos de muitos que andam pelas assembleias há décadas…Aliás, tanto os liberais como os radicais da esquerda andam sempre desertos para irem para lá!

Ambos os bandos vêm problema sério nas grandes e inúmeras negociatas entre Público e privado.  Serão a culpa de tudo. Da corrupção, falta de força, ineficácia e ineficiência de ambas as áreas. A solução do bando da esquerda é acabar com o privado. A solução do bando dos liberais é acabar com o público...A complexidade, o meio, a realidade, "promiscuidade"  por natureza é para acabar! Pureza deseja-se! (Assustador).

Ambos os bandos têm uma visão sectária do Homem e da existência: a esquerda não consegue ver a importância da existência individual, e os liberais não conseguem ver a dimensão grupal da existência. Não é a existência humana individual e social, simultaneamente?

Ambos os bandos, ainda filhos da revolução francesa, estão sempre munidos da palavra liberdade. Liberdade é como Deus, ou paz, ou felicidade, ou paraíso. Algo fundamental para muita gente. Um grande vazio onde cabe tudo, se me perguntarem a mim. Munição para insatisfação e sonho. Esta gente, materialista, moderna e positiva, é tão pretensiosa que não agitam apenas uma distante, abstracta e onírica liberdade. Dizem-se “libertários”! É para aqui e agora…pró menino e prá menina.

A esquerdalha é pseudo humanista, e progressista, mas detesta a globalização e o individuo. Especialmente o individuo ocidental. E todo o ocidente. Detestam-se a si mesmos. Os direitistas, pseudo liberais, têm sempre, na língua, o individuo privado pronto para ser elogiado e defendido, mas estão-se a marimbar se mega corporações esmagam esses indivíduos! Desde que sejam privadas…E, mais ridículo, estão sempre a criticar o Estado por tudo, mas estão desertos para que o Estado impeça os indivíduos de fazerem escolhas sobre aspectos das suas vidas íntimas! Porque querem forçar a sociedade a manter-se dentro de padrões coloniais. No fundo os liberais de direita, são mãos neo-conservadores católicos, machistas, racistas e saudosistas. Ressabiados, que de liberais têm pouco!

Ambos os bandos se queixam que a (mesma) comunicação social é completamente dominada pelo outro bando! 

Ambos os bandos tratam os elementos do outro bando como ignorantes, alucinados, perversos, perigosos, etc. Ambos os bandos adoram celebrar êxitos das suas filas a humilhar o adversário nas lutas ideológicas. Mas não nos enganemos: estes bandos não eram felizes uns sem os outros! Eles precisam de inimigos.Precisam do "outro" para saberem que existem, quem são.

Ambos os bandos estão repletos de gente arrogante, com manias de superioridade moral, e que nutrem sentimentos de ódio pelos seus contrapartes. Ressabiados, portanto.

Ambos os bandos têm gente inteligente e culta. E tão infantil e egocêntrica! Vaidade e necessidade de atenção destila. Tão parecidos que são, estes radicais iluminados!

Gostava de dizer que os acho iguaizinhos, e me sinto perfeitamente equidistante de ambos os bandos. E é quase verdade. Não em revejo em nenhum. Ambos me dão medo. Ambos me dariam medo, se eu achasse que alguma coisa ainda tem sentido e importância, e que vale a pena ter esperança. Bem, ainda tenho algum interesse pela vida, pelo ego, e, queira ou não, estou vivo, sinto e penso. Sou sectário portanto. Confesso a mim mesmo o óbvio: que não sou tão desinteressado, e, por tanto, tão isento! Estou a tender, cada vez mais, a achar que a esquerdalha, neste momento, é mais alucinada e distante da realidade que os liberais de direita. Penso que isso faz parte do seu código genético. A esquerda é revolucionária. A esquerda é...
sinistra! Até (sobretudo?) quando o é genuinamente, de coração, com boas intenções! Já os liberais de direita, porque são mais direita que liberais (e logo, mais conservadores que liberais) não são tão assumidos, e acabam por ser mais humildes. Só querem menos estado, basicamente. E isso, neste momento, parece-me bem.

Gosto do que o Sócrates disse já lá vão mais de 2 milénio: não sou ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo. Mas sei que isto é o meu próprio desajuste. A globalização ainda não está completa, e até parece andar para trás. E tudo parece indicar que mesmo indo nessa direcção não teremos um mundo mais livre ou mais justo, seja ele dito de esquerda, direita, liberal ou comunista. Seja ele Cristão, muçulmano, confucionista, comunista, ateu ou agnóstico. A condição humana é o que é, por mais avanços que se dêem.
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15.4.13

Manifesto pela guerra, conscientemente contra a paz, a favor do ódio e do sectarismo político!


Não, não simpatizava nada com a Thatcher. Mas não, ela não era fascista! Decerto que a Merkel está mais interessada no bem dos alemães (foi para isso que foi eleita) do que em ser boazinha para os PIGS. Mas isso não faz dela Nazi. O Sócrates não deve ser tão mau como dizem, não é o culpado de tudo, até fez coisas boas. Mas vir pavonear-se como se não tivesse responsabilidade nenhuma na bancarrota?!? É ridículo, para dizer o mínimo. É ofensivo! Sim, durante muitos anos simpatizei com o Mário Soares, achava que ele esteve maioritariamente bem, na maioria das situações, muitas delas de grande importância para todos nós. Mas ele agora tornou-se mais uma espécie de Otelo, e estou a perder a paciência! Então chamou a troika - pela 3ª vez em 30 anos - e passados 6 meses é o chefe da oposição à troika?!? O BE e PCP vivem do "quando pior melhor", à espera de uma vaga para a revolução utópica que vai revirar tudo de pernas para o ar e deixar tudo ainda pior! Mas, convenhamos, não têm culpa nenhuma nesta crise! Este sistema (pouco importa se é, ou não, maçónico, opus deico, capitalista, socialista, liberal, corporativo, de terceira via, ou, mais provável, isso tudo junto) pôs-se a jeito! Também não simpatizo com este governo. Mas ainda não vi ninguém a propor uma alternativa que pareça minimamente realizável, com bom senso, que sequer cheire a mais credível e menos má que a de "tentar governar sem acumular mais deficits, fazer sacrifícios, austeridade, ir pagando as dívidas, tentar apelar à boa vontade dos credores" (digam-me: onde se vai buscar o dinheiro para pagar os salários, para investir?). Querem mudar o Gaspar, dizer que ele é o Diabo, e imaginar que se o mudarem tudo vai ser diferente? "Porreiro pá".

O nível da discussão agora é do tipo religião popular: ele é mau, é vingativo, “fazem de propósito”!

Em casa em que não há pão todos ralham e ninguém tem razão! Ainda haverá um mínimo de bom senso e racionalidade - e respeito - no debate politico?

Eu ainda acho que a maioria dos políticos, com todos os erros, por acção e omissão, e alguma corrupção e incompetência pelo meio, tentam fazer o melhor possível. O melhor que sabem. O melhor que lhes deixam! E não são nem melhores nem piores que as populações que os elegem!

A procissão ainda vai a meio. O buraco é muito mais em baixo. E, às vezes, acho que merecemos. Mais: queremos!

Sejamos honestos:70 anos de paz...já chateia! Todas as gerações deviam ter direito a dar os seus tiros, a esfaquear o seu vizinho, a degolar um inimigo mortal! Em nome do Senhor, ou da Pátria, a bem da Verdade, ou só para descarregar frustrações, afugentar o tédio e fazer uma fuga para a frente!

Bem hajam!

 Ass: Toino à espera do próximo capitulo da novela, na 5ªf.
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30.8.12

RTP: Portugal a ser ele mesmo!

Logo eu, que nem tenho TV, há anos, vou opinar, só para me entreter e desabafar(Afinal de contas, mesmo que não tenhamos TV, pagamo-la na mesma, na conta de EDP!). E é curioso que não tendo TV lê-se  mais, pesquisa-se mais na net, e mais se escreve. Dá que pensar: talvez acabar com a TV fosse o melhor serviço público de todos!

Quanto mais oiço os argumentos que se levantam acerca deste assunto mais sou a favor de privatizar a RTP. Ou até, pura e simplesmente, aniquilá-la! Hoje ouvi um argumento que se abeira ao surreal: a RTP tem a obrigação de gastar imensos milhões de euros para transmitir jogos de futebol porque o "povo gosta", e, portanto, tem direito a ver 1ª Liga na TV gratuitamente!

Hã?!?

Ouvi isto 2 X em menos de 1 hora! Ambas as vezes da boca de pessoas de "esquerda", cultas e inteligentes. A que me o disse primeiro até é dos que diz (e gosta de dizer) que pouco futebol vê, e que acha o futebol um jogo muito chato, e escandaliza-se com os ordenados dos jogadores, etc. O segundo a quem ouvi a mesma deixa foi de um politico, na TV. Não o conheço pessoalmente, mas também suponho que seja um indivíduo culto e inteligente. Então mas porque é que um individuo de esquerda, um intelectual que até gosta de dizer que não gosta de futebol, viria agora dizer que a RTP deve existir para garantir o serviço público, no qual até está incluído futebol, "porque o povo gosta e tem direito"?(sim, isto é mesmo absurdo, não nos deixemos levar pela loucura) É fácil perceber: no governos está um partido nominalmente de direita, que tem ideias contrárias, logo a esquerda está a favor do contrario do que o governo disser. É simples. Julgo que é o que se chama "ser reaccionário".

Ora, digamos, calma e claramente: ver o "espectáculo futebol" gratuitamente não é um direito publico e universal que deva ser assegurado pelo Estado (o dever do Estado era retirar-se total e absolutamente de tudo o que envolva espectáculos desportivos, sobretudo se se pagam milhões a jogadores. Uma coisa é um espectáculo, outra é desporto, nomeadamente desporto infantil, escolar, que tem a ver com saúde, etc). Até porque se a RTP gastar milhões para a transmissão, não é gratuito. É pago, por todos. É pago inclusivamente por aqueles que não vêem e não gostam de futebol, como eu. E o futebol não é algo essencial para viver. Aliás, a música pimba, os programas de cusquices, os concursos de variedades, as novelas e os reality shows não são essenciais para viver. Eu e muita gente não consumimos disso e estamos vivinhos. Sejamos francos: N A D A do que a RTP1 faz é essencial para que os Portugueses vivam bem. N A D A! Aliás, tudo o que a RTP 1 faz já é feito, tão bem ou melhor, pelos privados! A RTP 1 é absolutamente desnecessária.

O que é essencial para viver é ter lugar para viver e trabalhar, e ter comida e bebida, e roupa no corpo. Ora, para isso, o absolutamente essencial, confiamos no mercado privado. Ou será que o Estado também devia tornar-se padeiro, e alfaiate, e construtor civil? Não. Está mais que visto que não só não é necessário como até é melhor que o Estado não se meta nisso.

A única discussão que pode haver quanto há utilidade de produção Estatal de TV é sobre a temática da informação. E sobre pequenos programas culturais, de nicho, muitas vezes de artes e outras altas culturas não comerciais, de carácter nacional, e que têm audiências reduzidíssimas, supostamente não sendo tão atraentes para a cobertura por mass media privados.

Sobre a questão da imparcialidade e diversidade da informação diz-se, ás vezes, e com razão, que os grupos privados têm uma influência interessada e parcial na informação produzida. É verdade. Mas isso é mitigado pelo facto de haverem vários operadores, ligados a vários grupos de interesses concorrentes. E quantos mais operadores concorrentes houver e mais amplas e diversificadas fontes noticiosas existirem mais a salvo estamos de limitações e manipulações informativas. De qualquer forma, os que costumam vir com esses argumentos são os mesmo que também vêm criticar a "instrumentalização política" da rádio e televisão publica pelos vários governos. E, muito mais significativo, esses mesmos que alegam horríveis perigos acerca da informação produzida pelos grupos privados são os mesmo que vêem preferencialmente noticiários nos jornais e televisões privadas! São eles mesmos que preferem os produtos noticiosos dos grupos privados de que tanto mal dizem! E poderíamos dizer: não há alternativas. Mas há. Só que preferem a SIC Noticias à RTP e RTP2. E até podiam ir à internet procurar as informações mais "alternativas", que não são nem Estatais nem de grandes grupos, e essa informação até anda aí, quase gratuita, para quem tenha interesse e paciência... Portanto, quanto a informação estamos conversados: a RTP é desnecessária. O que é necessário e é um grande e variado numero de operadores. E por aí me inclino a favor de privatizar a RTP1. 

Quanto aos programas culturais nacionais de nicho, aqueles que interessam a poucos mas diz-se serem importantes existir, e que, supostamente, os privados não procuram, não mostram, não alimentam...enfim, a RTP 2. Sobre isso, acho que o caso também é solúvel. Acho os privados até fazem programação, e boa, nesta área, e bastam. Se acreditarmos que seria preciso mais, então o Estado poderia encomendar programação especifica a esses privados, para cobrir essas áreas. E pronto. Sou contra a Cultura, seja ela cultura popular ou "alta cultura de e para eruditos", depender do Estado. Mas admito que o sistema está muito viciado, e que é do interesse de geral não matar de repente todos "os artistas do regime". Já que a RTP 2 gasta quase tanto como toda a Secretaria de Estado da Cultura (!?!) , e parece algo vocacionada para esse lado, pois mantenhamos esse canal a dar as esmolinhas, de dinheiro e atenção, aos intelectuais e artistas pedintes. Damos até mais. A RTP ficaria, com uma gestão mais controlada e um orçamento menor, exclusivamente dedicada a intelectualóides de várias áreas , sem publicidade, nem informação generalista. Só programas feitos por e para portugueses claro. Coisas tipo: mostra de arte contemporânea nacional, conversas com curadores de museus, livreiros e escritores, o artesanato de uma região do interior, reportagens sobre arquitectura paisagística e de interiores do ponto de vista sociológico na década de 80, poetas a declamar sobre paisagens do mundo natural português, ao som de fado moderno que se edita em vinyl...Enfim, reservemos parte do orçamento nacional e um canal generalista inteiro só para coisinhas que nem os próprios teriam paciência para se verem na "sua" TV!

E a RDP? A RDP que custa dezenas de milhões? Acabem de vez com essa m.... que tem um orçamento gigantesco e está cheio de ratos do porão! As rádios privadas cobrem bem o panorama nacional e podem dar ( e dão) todos os avisos de emergência que pode ser necessário dar. Abram mais licenças privadas se for preciso.

E os arquivos históricos? Não precisam de um canal. Basta pagar servidores, e pô-los on line, para qualquer um consultar e utilizar livremente.

Resumindo: Acabem com a RDP, vendam a RTP 1, reduzam e controlem bem a RTP2, aumentem o mercado e a concorrência dos privados. Há mercado para isso sim senhor, senão não estavam a aparecer novos interessados. Livrem-nos de mais este cancro de tachos e interesses que é este "serviço publico" onde se desbaratam centenas de milhões. Livrem-nos destas taxas e compensações e transferências de dinheiro público que pagam um serviço do qual não necessitamos para absolutamente nada.

Vaticínio: como alguém disse, em Portugal todos acham que é preciso mexer em tudo até alguém querer mexer nalguma coisa. E todos acham muito bem que se mexa, desde que seja no vizinho. E se o governo tenta mexer então devemos desconfiar, e partir do principio que é mau. Algo que me diz que, entre medos de mexer nos interesses instalados, quer os interesses dos funcionários – directos e indirectos - da RTP/RDP, quer dos privados (grupo Impresa, do Balsemão – SIC-Expresso-TSF- PSD, e TVI), não se vai fazer nada. Ainda são uns milhares de pessoas em Lisboa e Porto, com poder de influência e bem relacionados. Nenhum governo tem coragem de contrariar tanta gente tão bem relacionada. Portanto faz-se um novo modelo de gestão, onde a RTP vai passar a ser economicamente viável e até a dar "lucro" através das taxas que lhe pagamos quer a vejamos quer não, e muda-se, mais uma vez a direcção, continua-se a discutir o que é o serviço público, caí um ministro ou dois, e mesmo com bancarrotas, austeridade e troikas vai ficar tudo quase igual.

Portugal a ser ele mesmo, uma tradição (quase) milenar... Leia artigo completo

11.5.12

O alarmistos acerca do "aquecimento global"...

...e do pessoal que acha que precisa de "salvar o planeta"! Mitos manipuladores... O grande George Carlin falou bem: E eu até gosto de agricultura sustentável, ecologia, e essas coisas...mas sem alarmismos e manipulações! Leia artigo completo

1.5.12

O Jacobinismo lusitano!

Cá em Portugal, não importa muito a época, não importa muito o regime, nem as ideologias que supostamente defendem. No centro de tudo e todos está o Estado. O sonho da maioria da população é ir trabalhar para o Estado. E a culpa de tudo são os gerentes do Estado (políticos e burocratas). E como nas democracias são eleitos os que prometem mais "direitos" e "benefícios" há a tendência a dar cada vez mais Estado, até porque (aparentemente) não sai do próprio bolso. Há cada vez mais Estado central e regional, e cada vez mais regulamentos (de "segurança" e fiscais e para tudo e mais alguma coisa...), e subsídios, e bolseiros, e reformas antecipadas e "acumuladas", e "jobs for the boys" partidários, e cunhas para a prima e a amiga da tia...E lobbies, gays, opus deis, maçónicos e corporativos. E "politicas de crescimento e emprego". E negociatas. Até os "empresários privados" vivem do Estado , das autarquias, da UE.  Pouco importa se isso é feito à custa dos Euros que os Alemães para cá mandam para desenvolver isto, ou se é feito, pura e simplesmente, a crédito impagável. Que se fod... a próxima geração! Logo se vê. E a culpa é sempre dos que vieram antes, ou depois, ou dos outros. A culpa é da direita, diz a esquerda. A culpa é da esquerda, diz a direita...Fixe pá!

Por mim, que não me considero de direita nem de esquerda, nem sequer do "centro", nem comunista nem liberal, tanto me faz. Em teoria qualquer ideologia é perfeita, e na pratica o que conta é o resultado, é o dinheiro disponível, as liberdades de que se goza. O problema não é haver muito ou pouco Estado, e estatismo, a questão é que esse Estado e estatismo sejam competentes. E o Estado, os políticos e os burocratas, não parecem ter muito tino. Parecem ter tão pouco como os eleitores que os lá põem. E convenhamos, os cidadãos portugueses, indivíduos e empresas "privados", também não são muito melhores que os tugas que se metem no público. Só que no público têm mais margem para errar e não pagar. Ou tinham, porque neste capitalismo-socialista-corporativista-de-mercado já ninguém sabe muito bem onde é que o público e o privado começam e acabam, e quem é que faz e deve fazer seja lá o que for! O certo é que muitos sangue-sugas estatais (de cima a baixo nas hierarquias) têm pouca e má produtividade, e responsabilidade. Os competentes são rara e parcamente recompensados, e os que só estorvam vão ficando, e enchendo...Alguns (poucos) até têm muita criatividade, e audácia, e competência, o que é sempre mais fácil com o dinheiro dos outros.  E tudo isso é um problema. E é um problema tanto maior, quanto maior for o Estado. E como este Estado estatista é "democrático" o problema vai acabar com a "democracia. 

Veja-se este governo, supostamente de centro direita, entre o liberal e o conservador, de “novos políticos”, de outra geração, americanizados, até há quem os considere “neo-liberais” (inclusive alguns dos próprios). 

Nem TSU, nem reforma autárquica, nem privatizações (só alienação de empresas lucrativas e estratégicas, para Estados asiáticos comunistas e islâmicos), nem revisão de contratos públicos com PPP e Empresas mistas e privadas altamente lesivos para Estado e consumidores, nem encerramento de organismos públicos, EP, PPP, institutos e fundações excessivos, nem diminuição de impostos (pelo menos para produtores e exportadores), nem despedimento de excesso de trabalhadores (e serviços) da função pública central e regional, nem reforma na justiça e forças policiais que permitam julgar e condenar os responsáveis pelo BPN, e outros afins… 

A única coisa que o Gov conseguiu fazer até agora, e só porque a Troika obrigou, e o povo está em sentido de joelhos cheio de medo e compreensão, foi penalizar indiscriminadamente os trabalhadores da função pública, os reformados, e também alguns trabalhadores dependentes privados (só os pequenos e dependentes), e, por essa via, empobrecer a população, e destruir a classe média

Em vez de diminuir o Estado, em vez de despedir os incompetentes, os excedentes e os inconvenientes, penalizou todos sem distinção, sem mérito nenhum envolvido, dando a assim mais um "incentivo à produtividade". E até aos clubes de futebol perdoam dividas! Ou seja, ficamos com a austeridade, mas sem "reformas estruturais", aquelas de que todos falam, com as quais a maioria está de acordo, mas que nenhum parece ter coragem de sequer tentar implementar. Aquelas que fariam a austeridade valer a pena. Até o Sócrates tentou (com os professores, lembram-se?), mas reformas e sacrifícios, em Portugal, é para o sector estatal do vizinho.  Com umas manifestações e sondagens negativas todos recuam! Já no tempo das "vacas gordas" (do Guterres, o pior governo da 3ª Républica, sem maioria no parlamento, fraco, que governava por sondagens e referendos, e dava uma no cravo outra na ferradura) era assim...

Em Portugal, todos querem ir para o Governo, o Estado é de uma atracão fatal, e acaba por ficar tudo mais ou menos na mesma. Desde socialistas, comunistas, conservadores de direita, democratas, fascistas, Igreja, e até “liberais”… todos querem ir para o Estado, mandar no Estado, e através do Estado mandar nos outros. É o jacobinismo lusitano! 

E entretanto vi uma entrevista interessante, que tem tudo a ver com isto. Excerto: A economia dos Eua já não é baseada na capitalismo privado de tendência liberal, é “Uma espécie de economia socialista, mas de um socialismo para os ricos. O oligopólio de um punhado de grandes bancos é essencialmente protegido pelo governo.” 

E porque isto não é um fenómeno só português, e é complexo, deixo a sugestão de um livro que li há pouco tempo: Os idealistas e o poder


É sobre a esquerda Alemã, e francesa, e a sua ascensão ao poder.

And here is the rest of it.
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6.4.12

Filmes, docs e entrevistas para compreender o económico

Inside Job



Wall Stree - Money Never sleeps

http://www.youtube.com/watch?v=873PrTZkLsI

Margin Call



Money as debt



The Midas formula: trillion dollar bet



BBC The Partys Over - How the west went bust



Overdose the next financial crisis



Brittains´s Trillion Pound horror story



RBS - Inside The Bank That Ran Out Of Money



I.O.U.S.A.: Byte-Sized

http://youtu.be/O_TjBNjc9Bo

IOUSA Solutions



In debt we trust

http://topdocumentaryfilms.com/in-debt-we-trust/
http://www.indebtwetrust.org/synopsis.php

Peter Schiff - The Fed Unspun: The Other Side of the Story



Harry Dent - The great depression ahead



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24.11.11

O futuro em risco...

Uma boa entrevista, a propósito de uma interessante conferência.

O futuro em risco: pela natureza, pelo Homem, pela ciência...

O mito da modernidade, o progresso continuo, era uma utopia...

O futuro pode vir a ser pior, e pode até nem haver futuro...

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21.11.11

Definir o Ser português...

...não é fácil!

Tenho estudado bastante história, nacional e internacional, tenho viajado bastante e já fui emigrante…E soube-me muito bem voltar a Portugal, e sentir-me em casa. Tinha saudades.

Mas à parte desse “sentir” (que os de outras nacionalidades também sentem) continuo a não saber o que é ser português, nem o que nos define enquanto povo, nação ou cultura.

Se a nacionalidade é só uma bandeira, um hino e o que está escrito num B.I….que se f…Haverá algo mais?

Dizem que somos muito homogéneos: um território, um povo, uma língua, cultura... específicos...Será?

Em termos de nacionalidade sei que somos dos países da Europa com menos estrangeiros (4%, contra 12% da Alemanha), mas além desses 4%, ainda há muitos mais. Há os mistos, e mestiços, a herança colonial, as emigrações, etc.. Quem é mais tuga, um filho de ucraniano, cristão ortodoxo, loiro de olhos azuis, que em casa fala ucraniano e na rua fala um português perfeito, ou um filho de tuga, filho de emigras em NewJersey, que em casa fala mistura de português com inglês? Ou o filho de um brasileiro, nascido e criado em Portugal, que fala um português tuguês misturado com nordestino? Ou um filho de Cabo-verdiano, 100% português seja nascido cá ou lá. Ou tuga de Viana do Castelo que é muito mais próximo de um espanhol da Galiza, que de um Português do Algarve? Ou o tuga emigrado na França e na Alemanha. Dizem que são milhões de tugas espalhados pelo mundo. Dizem que havia 1 milhão só na zona de Paris, que seria a certa altura a maior cidade portuguesa! Duvido, mas mesmo assim é significativo. Cerca de 10% da população…E tantas vezes os emigrantes parecem mais portugueses, e mais orgulhosos de o serem, que os residentes em Portugal... 

Misturando nacionalidade com territorialidade devemos lembrar-nos que, durante alguns séculos, supostamente, o território português não era o actual. Incluía o Brasil (até o Rei português fugir para lá e excluir-se, a ele, á sua corte e ao Brasil, de Portugal..) e, ainda depois, incluía possessões costeiras pela África e Ásia fora… Ainda há 40 anos portugueses morriam para tentar reter esses territórios ultramarinos! E durante uns muitos bons anos, o Reino de Portugal e o das Espanhas estiveram unidos…Mesmo o clima- semi atlântico, semi mediterrâneo - não nos dá nenhuma característica muito própria, desde logo em relação a nuestros hermanos! Ou seja, mesmo em termos de território x nacionalidade não somos muito fáceis de definir. Não admira que em boa parte do mundo pensem que somos uma parte de Espanha! 

E se pensarmos no território em termos de paisagem? Somos atlânticos, como a Espanha, a França, Marrocos e outros. Em termos de agricultura não temos nada de muito especifico. Tinha-mos  (sem exclusivos) aquela variedade do carvalho, o sobreiro, mas até nisso temos decadência a favor de eucaliptos autralianóides que nos estão a arruinar a paisagem e os solos, para alimentar uma industria do papel que é uma das grandes exportadoras para o...estrangeiro. Parece que via consumos internacionalizados e empresas e espanholas a próxima invasão é a de laranjais... Já agora, variando consoante as fontes diz-se as laranjas são originárias da pérsia ou da China, via árabes e outros comerciantes!  E os nosso jardins? Alguém acha que sequer 10% das espécies vegetais das flores e árvores que enchem os nossos jardins são autoctenes, ou seja, que cá existiam há 500 anos atrás?

Etnicamente, o tuga é mistura genética milenar, mesmo anterior à expansão ultramarina. Já no tempo dos romanos e dos que vinham do sul, do que hoje chamamos norte de África, que a certa altura se tornaram muçulmanos, já éramos mistura genética. Depois, com os que vieram do norte da Europa, a misturada aumentou. Entretanto, politicamente surgiu um reino de “Portugal”. Depois fomos para África, Ásia e Américas casar e procriar, em termos étnicos, económicos e culturais. Mais misturada. Hoje, não temos quase nada que nos distinga de um espanhol, marroquino ou até italiano. Mesmo na Turquia ou em Israel, até eventualmente no Irão, a maioria de nós passamos desapercebidos. Nos EUA tanto passamos por caucasianos como por hispânicos! A minha ex esposa parecia mais inglesa ou francesa que portuguesa… 

Em termos de língua sabemos que o português é pouquíssimo diferente do Espanhol, que se enquadra na enorme família de românicas, que se encaixa na enorme família indo-europeias! Há imensas similaridades entre o hindi e o português! Ou seja, o português é um derivado de uma enorme família linguística, e que incorpora influências do árabe, do persa, de línguas hindustanicas, e mais recentemente do francês e inglês. Entre outras. Mas certo, a dada altura formou-se aqui uma língua especifica de um reino, de Portugal, ligeiramente diferente do castelhano. E ao sair levamos este português para ouras paragens. E essa é a nossa maior marca na história mundial, sem dúvida, e não é pequena. Mas entretanto deu-se o regresso. Os Palops, e outros, infiltraram no português imensos aligenas, sem os quais mal reconheceríamos o vernáculo actual. Hoje temos um português a unificar-se, que se resistir é pela força do Brasil, e é por ele liderado. Na realidade já somos minoria no português. Não somos apenas minoria, somos o elo mais fraco! Também a língua não é nossa, nem nos define. E hoje até tendemos todos a ser bilingues de nascença, com o inglês a tornar-se a principal língua do mundo, língua franca, para Portugal incluído... Quando vamos a wikipédia, a qual vamos primeiro: a escrita em inglês(es), ou a escrita em portugues(es). E, consoante a língua, a que artigos damos mais credibilidade? A maioria dos portugueses dá mais credibilidade ao escrito em inglês, que considera quase a versão "oficial", pensando nisso como "mais verdade". A portuguesa é desconsiderada com a desculpa dos "brasileirismos"!



E em termos culturais? Culturais além da língua...O que é que nós temos que nos distinga de outros povos?

Trabalhamos, uns mais outros menos, com uma produtividade parecida à Espanhola (entre a Alemanha e Marrocos) a maioria a pensar no fim do trabalho, para sair á noite e aos fins de semana, bebermos uns vodkas, tequilhas e whiskies, com coca-cola, e cerveja, consome-se estupefacientes com força, fuma-se, engata-se, conversa-se…Sonha-se com amores românticos, e não tão românticos…e temos um mundo de pornografia virtual-universal inesgotável, em caso de necessidade!

Consumimos música cinema 99% anglo-americano (e americanizada)…não tenho amigos nos ranchos populares, e temos poucos que oiçam fado…Na TV vêem-se talk shows, Bigbrothers, telenovelas brasileiras ou abrasileiradas. E séries anglo-americanas. E lê-se alguma literatura, cada vez mais anglo saxónica. O mesmo se passa com livros académicos, seja de economia, biologia ou história. Se não for publicado em inglês e aceite numa revista internacional nem os cientistas portugueses aceitam como sendo "ciência". E o mesmo com os livros de espiritualidades e auto-ajuda.Os jornais baseiam-se nas notícias fabricadas pelos media internacionais, e seus modelos. É muito mais respeitável ler o Economist do que o Jornal de negócios. E não é que as fontes e as notícias sejam muito diferentes!

Joga-se na net, nas consolas…ou o monopólio, o Catan, a seuca…

Lê-se o correio da Google ou da Microsoft, escreve-se em blogs, passa-se palavra no Facebook, engata-se online, nos chats, compra-se em centros comerciais e na internet… produtos que em 99% dos casos têm pouco ou nada de português. O sonho do tuga, como do espanhol, é conduzir um carro alemão senão mas tem $ compra antes francês ou coreano. Os tugas mais jovens contentam-se em exibir um Mac, ou um Ipad, ou, melhor ainda, um Iphone


Vestimos moda espanhola, inglesa e italiana made in china.

Come-se, cada vez mais, produtos estrangeiros e fast-food internacional…Não é que os pratos que não são fast food urbana e contemporânea fossem muito tugas. Na realidade, boa parte dos vegetais que enchem os nossos pratos não existiam por cá ao tempo do Afonso Henriques. Não havia especiarias, café, chá, chocolate, açúcar, boa parte dos legumes (tomate, milho, batata, etc). Até o tabaco e as outras drogas mais potentes são estrangeirismos, e relativamente recentes! E a cerveja e vinho, que são as bebidas mais antigas e internacionais da humanidade, também não eram grande coisa até há pouco tempo. Fora o vinho do Porto, aprimorado pelos ingleses, a maioria do vinho português era, até há poucas décadas, uma lavagem pouco bebível. Até o arroz e bacalhau, tão "típicos" são importações estrangeiras, e relativamente recentes!

As "nossas" maiores empresas, sobretudo as exclusivamente privadas, estão registadas e pagam impostos no estrangeiro, seja na Holanda ou em paraísos fiscais!


A nível jurídicoreligioso e de ideologias sistema político-económico não temos nada nascido e desenvolvido em Portugal…Até neo nazis “nacionalistas” cá temos! Queixamo-nos que a nossa democracia é dominada por políticos corruptos e conspiradores semi secretos, como a Opus Dei e demais grupos de pressão católicos, pela maçonaria, e lobbies gays, judaicos, sindicalistas e capitalistas, pelas mafias do crime organizado… e queixamo-nos da economia paralela, da corrupção... queixamo-nos de tudo e todos! E estamos sempre prontos a acreditar na mudança, no progresso, na salvação redentora. Até nisso somos humanos normais.

Somos consumistas e vivemos de crédito, como por todo lado…Adoramos viajar pelo mundo fora, emigramos. Embarcamos em ideologias orientalistas, ou de downsizing e regresso á terra…

Perdemos horas infinitas a ver e falar de futebol, esse desporto inventado por ingleses e aperfeiçoado por sul-americanos!

Podemos ser mais internacionalizados e indistintos do que isto? Além do vago “sentir”, o que há, em termos culturais, de relevante, de especificamente português?

Ganhamos nacionalidade dentro da Europa cristã, enquanto reino tributário, com a bênção de um Papa que fez pagar a autonomia a preço de ouro. Tivemos o nosso apogeu quando alguns dos nossas antepassados foram para fora, e quando de fora trouxemos riqueza em forma de terras, especiarias, sedas, prata e escravos. Isso já lá vai. Hoje não temos autonomia política, militar, económica, financeira, monetária e cultural. Somos, mais do que nunca, um Estado europeu, bem integrado, e, brevemente, após a venda do mercado que fizemos nos últimos 25 anos, seremos de novo um Estado tributário. Neste caso não para pagar uma autonomia conquistada a ferros, mas para pagar a falta de responsabilidade. E o que se vê, é que, se voltarmos a ter de viver mais para nós, e só de nós mesmo, será sinal mau sinal, para nós e para meio mundo…Para o restante meio mundo somos pouco mais que indiferentes!

Será que hoje, mais do que nunca, perante o mundo virtual quase infinito, a visão da terra como aldeia global no meio de um Cosmos imenso, no meio desta globalização dos grandes blocos, tão pequeninos que somos, com uma economia tão aberta e endividada ao estrangeiro, podemos achar que há um “Portugal para os portugueses”? Ou sequer um "Portugal português"?
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