4.11.04

Enquanto lia...

Enquanto lia…

Enquanto lia o blog do meu amigo Luís, vi algo que me deu vontade irresistível de comentar.
Confesso que não fiquei indiferente.

Quanto à comparação entre a Rede Mestre DeRose e a outra organização não me espantou. Não é nova e já a conhecia. E, em certo sentido, até é uma lisonja.

É agradável que a associação de que eu sou parte integrante e actuante seja comparada com uma outra, suponho que, pelo reconhecido profissionalismo e sucesso de ambas. Também nós nos orgulhamos de ser a maior, mais bem organizada, profissional e bem sucedida organização na área a que nos dedicamos. No nosso caso a educação, a formação profissional em Yôga antigo.

Claro que sei que muitas pessoas fazem esta comparação com intenções malignas, mesmo para injuriar e tentar ofender e prejudicar. Há pessoas que têm problemas com tudo o que é organizado, organização, corporação, sistema, sociedade, etc. Assim como têm problemas quanto ao $, ao sucesso, ao comércio (troca) etc. Então, para essas pessoas, esta comparação já seria ofensiva, já que elegeram a Mc como encarnação maior do mito do Satanás oculto, através do qual tentam explicar e expiar todos os males do mundo e em especial os seus próprios. Nomeadamente o seu insucesso, impotência e inadaptação social e tudo o que corre mal na sua vida e no mundo! Eu não tenho esse tipo de visão negativa expiatória e paranóica, e por isso até me orgulho de ser membro de uma organização social. Digo com orgulho pois sei que não é fácil viver em grupo, especialmente num que vive do e para o ideal filosófico. Não é fácil viver da e para a filosofia, mesmo com todo empenho e profissionalismo com que nós o fazemos. Mas ainda mais difícil é estar sempre a tentar fugir, iludindo-nos que podemos escapar, que nós não somos parte integrante desse uno! Em parte, todos habitamos na lama. Somos lama. Alguns de nós aceitamos isso com naturalidade e tentamos daí extrair algo positivo e radioso na nossa consciência. A essa alquimia chamamos Yôga. Outros iludem-se pensando que não são lama e por isso não se conseguem dela libertar…

Por outro lado confesso que a comparação me incomoda. A nossa rede é em tantos aspectos tão diferente e oposta à outra organização, que só quem for ignorante ou mal intencionado (normalmente é intenção de prejudicar mesmo, o que vindo de praticantes de Yôga que se pretendem diferentes para melhor parece bastante hipócrita), pode estabelecer esta identificação. Na nossa rede somos quase todos vegetarianos, o que é o oposto ao centro do negócio da outra organização. Quase todos nós temos preocupações ecológicas, até decorrentes da ética filosófica que defendemos. A outra organização, por causa do seu negócio é das que mais prejudica o equilíbrio ecológico. Nós somos associações culturais que têm como meta perpetuar o Yôga antigo e defender os seus praticantes e profissionais. A outra org é uma mega empresa que tem como objectivo acumular lucros para os seus donos. Um qualquer franchising Mc bem sucedido move mais $ e gera mais lucros do que toda a Rede DeRose junta (infelizmente a sociedade ainda não valoriza tanto o Yôga como valoriza hamburgers, mas com o nosso esforço esperamos que isso possa mudar, a longo prazo)! O nosso esquema de coordenação (e, essencialmente, cooperação) não é um franchising (embora seja parecido, tal como outras empresas, org filosóficas, religiosas, politicas, ONGs, etc.). A maioria dos praticantes e profissionais da nossa rede também não simpatizam ou frequentam a outra org…Etc., etc., etc. Enfim, é tanta diferença e antagonismo, que só mesmo por malícia se força a comparação.

E porque é que se força esta comparação?

Tratando-se de pessoas que nem nos conhecem directamente então é pura ignorância. Eu tento não falar mal dos outros, especialmente dos que não conheço minimamente. Mas há quem não resista a lançar lenha para a fogueira…Ouvem uns falar e deixam-se doutrinar, passando a repetir como cordeirinhos! Ter atitudes negativas e destrutivas é sempre muito mais fácil.

Mas alguns são ex-praticantes e até ex-instrutores de Swásthya.

Acho perfeitamente natural e legitimo que a certa altura muitos deixem de se identificar e sigam outro caminho. As diferenças de opinião e respectivos debates estimulam a evolução (incluindo a nossa, obrigado). Isso é positivo.

O que me parece criticável, é que as pessoas gastem tempo e energia com coisas negativas, presas a um seu passado, e em vez de construírem algo novo e positivo, para si e para o mundo, prefiram ser mais um pecador a lançar a pedra…como se fossem mais puros?! Ou melhores! Muitos desses consomem drogas cujo tráfico enriquece traficantes assassinos e exploradores do terceiro mundo. A maioria trabalha para as mais diversas empresas (a maioria multinacionais devotas de lucro a qualquer preço) para sustentar a sua vida, com os seus respectivos consumos…Enfim, pseudo rebeldes, a maioria sem causa e com idealismos tão confusos como eles próprios, que se pretendem diferentes e outsiders, mas que na realidade vivem permanentemente dentro da sociedade recebendo o seu troco. Muitos até são boas pessoas, bem intencionados, e de boa índole. Tenho uma simpatia romântica por algumas dessas pessoas, até porque também eu já fui assim. E por isso mesmo vejo tão claramente o que me parece uma hipocrisia.

Mais me custa quando são amigos meus. Pessoas que tenho em alta consideração, e de quem gosto sinceramente. Custa-me vê-los imersos em tanta negatividade, a perder tempo e energia que podiam utilizar para ser mais felizes.

Alguns começaram no Yôga comigo. Lá nos conhecemos e só por isso já teria algum valor, não? A maioria elogia o método, ou pelo menos nada tem contra. Nada tem contra a linha filosófica. Simplesmente não se identificam com algumas poucas pessoas, com as quais os relacionamentos não frutificaram e aí emperraram. Não souberam ou não quiseram dar a volta à situação, e acabaram por sair melindrados. E passam a viver rancorosos…Passam a ser contra tudo e todos. Até contra mim, pois também sou parte integrante da org.. Contra o Mestre que pouco ou nada conheceram. Contra milhares de pessoas que nunca conheceram, e que não fazem ideia do que pensam e sentem! Tudo por não se terem conseguido relacionar com dois ou três, e não ter o talento para contornar ou saltar esse obstáculo. Melindraram-se e tornam-se reactivos, vivendo em função da sua desilusão passada.

Tenho vários amigos e familiares que pensam muito diferente de mim sobre mil e um aspectos da vida. Até de forma contrária. Acho isso natural, positivo, gratificante, bom para manter a minha lucidez. Debatemos até de forma acalorada. Até nos exaltamos por vezes. Isso só é possível se mantivermos o respeito uns pelos outros. Brincamos e implicamos até. É divertido e saudável. Mas nem sempre é fácil gerir todas essas diferenças. Há sempre alguém a esticar a corda. Seria hipocrisia minha estar aqui a fingir uma tolerância total, que ninguém tem, especialmente os que dela se vangloriam mais.

Enfim, terminando que já vai longo…

Desejo para os meus amigos tudo de bom e positivo. Que se realizem como pessoas fazendo aquilo que mais gostarem. E, como se costuma dizer: desejo-vos o dobro do que me desejarem a mim!

Grande abraço.

António Matos

1 comment:

Anonymous said...

E assim mesmo!
Viva a liberdade e a troca interessante de ideias....
Posso nao concordar contigo e publicamente luto para que o possas dizer (mas na pratica e as escondidas ando a tentar subornar o blogger.com para te expulsarem daqui...eh eh eh)

um abraco!

rebelde luis...desde 1975 mascando folhas de cannabis...lol