15.12.04

Alerta: tudo é relativo

Alerta: tudo é relativo!

Ás vezes hesito quando venho escrever no blog.

Muitos dos meus maiores erros foram falar demais e o que não devia. Falar demasiado aberto e solto.

Ao escrever para o blog escrevo para comunicar, partilhar. Partilhar com amigos principalmente. Mas também para reflectir e por as ideias em ordem. Ou simplesmente para pensar alto, para ver se faz algum eco. Até para desabafar, mesmo se para o infinito que é a Web. É uma espécie de falar barato, sem grande sentido ou objectivo. Escrever por escrever. Pensar por pensar. Acho que algumas coisas devem ter algum interesse, outras com certeza não terão nenhum. É simplesmente mais um espaço para existir. Um espaço no qual faço quase tudo o que quero e como quero.

No entanto, nada é inócuo e tudo acaba por ter consequências. E o que dizemos compromete-nos.

Ás vezes opino sobre algo que veio à baila, ou que até me foi solicitado. Já aproveitei para explicar algo que me pediram…

Acontece que tudo é relativo.

Cada um interpreta a realidade segundo a sua bagagem cultural. Segundo os seus preconceitos, os seus medos, consoante os seus objectivos etc. Quando as pessoas estão do contra interpretam tudo com o significado precisamente oposto ao que lhe queríamos dar. E, ás vezes, é conscientemente e de propósito, só para chatear. Outras vezes não é de propósito. Só não conseguem evitar ser do contra e lêem raciocinando já a contradizer! Por exemplo: lendo uma mesma entrevista cada um interpreta de uma maneira diferente. E, na maioria dos casos, cada um acaba por concluir o que já pensava, pois lê toda a entrevista procurando nela o que confirma aquilo que queria pensar sobre a pessoa e ou assunto.

Outro caso é o dos que se melindram com muita facilidade. Não se pode dizer nada que os contradiga, ou sugira pontos de vista diversos pois ficam magoados, ou até indignados. E logo contra-atacam, mesmo que não fosse para eles…Só aceitam conviver com o favorece os seus desejos. Acima de tudo temos grandes dificuldades em aturar ouvir alguma apreciação menos que elogiosa sobre nós próprios ou o que fazemos e sobre quem gostamos. Somos narcisistas, e mexe-nos com o ego. Mais: também chegamos a ficar melindrados se não falam de nós e sobre o que fazemos e dizemos. É sempre o ego. Se falamos é o falarmos, senão é por não falar! Se nada dizemos é porque não nos interessamos, se o fazemos arriscamo-nos a ser considerados agressivos…
Axioma: Só devemos discutir com já estamos plenamente de acordo!
E como é dificil estar plenamente de acordo com alguém seja sobre que assunto for!
A maioria das vezes que entramos em argumentação o que acaba por acontecer é cada parte entrar numa guerra de palavras, defendendo cada vez mais extremadamente os seus pontos de vista originais. O normal é produzir-se um afastamento. Só raramente acontece o contrário, não obstante as boas intenções.

Se somos convictos e firmes chamam-nos radicais e fanáticos. Se não somos agressivos ou exibimos problemas e tristezas acusam-nos de falta de sinceridade ou de sermos ocos. Se somos simples devemos estar esconder algo! Se falamos de coisas básicas e concretas é poruqe somos básicos! Se entramos por psico-feelings e estados emocionais então andamos confusos. Talvez a esconder algo, ou a falta de algo! Se julgamos não tínhamos nada que nos meter, mas se emitimos opinião sem julgar (ética e moralmente) ninguém acredita, pois ninguém imagina tolerância. Mais fácil imaginarmos logo um ataque. Etc.

Já cheguei à conclusão que a maioria das vezes as pessoas interpretam mal a tolerância. Interpretam como fraqueza. Quando perdoamos ou pedimos perdão por algo que eventualmente tenhamos feito de errado, a maioria das vezes isso é inconscientemente interpretado como é como se nos tivéssemos a admitir de algum pecado e a suplicar por causa de uma culpa pela qual é justo fazer-nos pagar... Se nos explicamos para ser entendidos é como se nos tivéssemos a justificar, como se necessitássemos de aprovação ou apoio, se estivéssemos diminuídos, permitindo maior pressão e exigência. Tudo visto como cedências permissivas, espaço para pisar. E sabe sempre bem bater no fraco que não riposta! E bate-se cada vez mais enquanto e na medida que ele deixa. Se pedimos alguma coisa a pessoa envaidece-se e faz-se difícil. Enfim. É delicado. Mesmo entre amigos, e mesmo que não haja $ e sexo envolvido(heheh)! Não sei se é instintivo, mas é difícil não aproveitar aquilo que nos parecem as fraquezas dos outros.

Ás vezes parece que tudo o que dissermos acaba virado contra nós. É como dar tiros nos próprios pés!

Falar ou não falar, eis a questão?!

Chego a pensar que o melhor mesmo é estar calado! Mas será isso inteligência ou medo? Provavelmente os dois.

Que se lixe!

Vou tentar sempre ser educado e usar do bom senso para não ferir aqueles de quem gosto. Principalmente familiares e amigos. Especialmente para não o fazer gratuitamente. A troco de nada, a não ser exibir egoistamente uma opinião, que, ao fim ao cabo, é o que mais faço por aqui.

Entendam o como quiserem. Não levem a mal. Dêem desconto. Com certeza eu tinha boa intenção e não queria dizer bem aquilo que entenderam. O sentido talvez fosse outro.
Por exemplo: tudo isto que acabei de escrever é também, e até em primeuro lugar , para mim mesmo...

Tudo de bom para todos.

António

1 comment:

Anonymous said...

Acho que so te fica bem....continua a escrever assim...

Um abraco

Luis