15.9.05

Depressão

Crise sem fim à vista

Há poucos dias estava com um amigo num bar. Por uns momentos contemplei e começou a desenrolar-se uma visão que já não me é nova. Uma visão de crise!

Lá estava tudo a divertir-se, a beber os seus copos e fumar os seus cigarros, ouvindo música em mais um novo e bom bar do Porto.

Que maravilha. Música e diversão e muita gente muito bonita.

Que tristeza. A sensação de que por dentro disso há um vazio cada vez maior. Vazio a vários níveis. Vazio principalmente nas carteiras.

Os portugueses estão endividados. E cada vez mais. O défice do Estado é de novo grande. E não parece parar de crescer. Há sectores industriais que estão a fechar portas, nomeadamente os têxteis, que era dos maiores empregadores. A agricultura não está melhor do que o que sempre foi. E nunca foi grande coisa. A construção civil estagnou. Não há dinheiro para comprar mais casas (nem gente para nelas viver!). O comércio tradicional está quase na missa do sétimo dia! Agora só franchising, na maioria internacional, que portanto revertem parte dos lucros para estrangeiros.

Os países do leste europeu já são concorrentes do presente. A China já é muito mais do que potencial. É uma hiper potência, com um mercado e força demolidores! O Brasil também já é outra potência cada vez menos fácil de ignorar e competir. Já não competimos apenas pela aproximação aos países mais ricos. Temos de nos mexer para não descer a pique na hierarquia do mundo globalizado.

Ainda por cima há o terrorismo e o brutal aumento do preço do petróleo, que estão interligados. Para quem já está em dificuldades este pode bem ser o golpe de misericórdia!

O desemprego aumenta a olhos vistos. Não me surpreendia nada que chegasse aos 15%. Ou mais! Desemprego em grande parte de jovens licenciados. E isso significa crises sociais, e logo politicas, graves. Radicalismos de esquerda e direita devem aumentar dentro em breve.

Não parece que algum governo e partido tenham coragem para fazer reformas na administração sérias, que aliás implicariam ainda mais sacrifícios a todos, pelo menos numa primeira fase. Por isso o estado vai continuar a esbanjar boas doses de riqueza. Metido em quase tudo, atrapalhando quase tudo, gastando quase tudo.

À única indústria que continua a expandir-se é restauração e sobretudo a da vida nocturna. Quiçá uma das melhores do mundo. Mas isso não parece muito positivo. Desde logo porque essa área vive do álcool! Álcool e outras drogas. E não é de vinho português com certeza. Até as drogas são importadas e portanto significam escoamento de lucros para o estrangeiro. Já para não falar que não podemos todos ter e trabalhar em bares!

O Turismo continua a representar riqueza e a demonstrar ainda mais potencial. Mas, a falta de planeamento urbano nos últimos 30 anos foi tão grave que alguns dos melhores recursos naturais foram destruídos! Valha-nos o Sol.

Enfim, estamos de tanga! E desta vez não me parece paranóia derrotista portuguesa.
Os pobres estão a ficar mais pobres. E a classe média, especialmente a assalariada também está a ficar pobre. Os mais abastados mantêm-se sem problemas. Até estão melhor. Mas são poucos.

A maioria da população está a entrar em fase de limite. Na área das dificuldades.

Vão faltar recursos. Principalmente à classe média que estava bem (mal) habituada. Principalmente a nós os filhos, os jovens. A sensação que tenho é que a festa está a acabar. Uma espécie do que aconteceu a Argentina. Mas mais suave.

De quem é a culpa? Do Estado claro! Do Governo… Num pais centralista como o nosso o governo não se safa. Mas o governos são os governos. È muita gente. São portugueses. E acho que até podemos dizer que são alguns dos mais competentes portugueses. Pelo menos dos mais instruídos…

A culpa é do povo. È um estado democrático e liberal. O Povo é sempre o maior responsável. Não se pode demitir.

A culpa é de todos, que como colectividade não soubemos aproveitar a revolução tecnológica em curso e as massivas injecções de capital europeu para dar-mos um salto maior e mais estruturado em frente.

A culpa é de todos por isso morre solteira. E todos pagam!

E soluções?

Rápidas e mágicas não há.

Se não fizermos nada (sacrifícios) apenas continuaremos a cair cada vez mais.

Então o quê?

Não sei. Mas tenho esperanças nas novas gerações. Na sua criatividade e coragem que são no fim de contas o grande activo de qualquer povo. Tenho esperanças em nós mesmos.

Logo se vê.

3 comments:

Simão said...

Se reconhecemos a crise ela existe. Porque não optar por outro ponto de vista.
A solução talvez esteja na maneira como encaramos as coisas...

Anonymous said...

por vezes tenho na memoria a imagem do titanic : o barco a afundar-se...mas no conves a orquestra continua a tocar....

L

Anonymous said...

pois..obviamente...se fecharmos mt os olhos...com muita forca...talvez a crise desapareca....

pode ser que sim.....vou comecar ja...

Plim!

oh..ainda ca esta?

L