19.12.06

Diversidade cultural - Budismos

Um monge budista..

Em geral gosto de discernir. VIVEKA. Perceber as diferenças. Não para dividir, mas sim para aproveitar as diversas possibilidades existentes que fazem a riqueza do mundo. Em termos culturais isso nem sempre é fácil. Desde logo pela complexidade da linguagem, das palavras... Mas tenta-se. Sei que as coisas todas são unidas e integradas entre si, que não é possível separá-las sem lhes fazer perder o sentido. Mas a mente tem a capacidade isolar e definir partes, concentrando-se nelas, actuando no todo através da parte. No Uno, através do verso.

No caso do Yôga tenho especial atençao para não confundir e misturar tudo. Primeiro porque essa é a tendência reinante, causada por ignorância e pela incapacidade de fazer escolhas de muitos que se chegam a essa filosofia. Há que remar contra essa maré de lodo. Depois porque sou um profissional que não somente aprofundo o tema descobrindo nele cada vez mais nuances, diferenças e possibilidades, mas também porque devo posicionar-me no mercado, passando as minhas propostas de forma clara e diferenciada. Assim, distinguo perfeitamente filosofia de ciência, e estas de religião e das artes, sabendo eu muito bem que essas classificações não são puras, nem perfeitas, nem estanques...são meros artificios mentais para actuar no teatro de maya.

Por outro lado, a titulo meramente pessoal, não temo nem me coibo de explorar a diversidade cultural do mundo e até de me deixar encontrar pontos de encontro e conexão entre as mais diversas realidades.

Tenho andado a ler um livro que é de um médico americano em conversa com o chamado Dalai Lama. Falam de muita coisa: Budismo, felicidade, sofrimento, espiritualidade… Em geral não sou grande fã do Budismo, não só porque o lado ritualistico, devoto, crente e até folclorico está muito mais divulgado e valorizado que o aspecto mais filosófico, mas também porque essa filosofia/religião dá demasiada enfase ao binomio sofrimento/felicidade, e esse não é o ponto central das minhas indagações filosóficas. Do pouco que sei dos vários Budismos, o “Tibetano” é o que me agrada menos. É dos mais ritualistas, junta-lhe um sempre nefasto nacionalismo, está na moda entre ocidentais e talvez por isso mesmo está sob uma febre de “reencarnações” que é também dos aspectos que menos aprecio dentro das suas tradições. E no entanto, o seu lider máximo, o monge a que chamam Dalai Lama, é dos líderes nacionalistas-religiosos mais interessantes que há por aí. Assume a sabedoria do Budismo com orgulho mas sem vaidade e sem grandes dogmatismos. Até o seu nacionalismo é extremamente moderado. Ele mesmo aparenta ser uma pessoa extremamente simples que, excluindo os trages folclóricos e a extrema simplicidade, foge à maioria das caricaturas que os ocidentais fazem acerca dos gurus orientais. Às vezes parece que o facto de o Tibete ter sido invadido e esmagado culturalmente pelos chineses até é encarado como uma lição e uma oportunidade positiva para a mudança para melhor, e ele parece mais resignado e menos empolgado pela sua causa que muitos dos seus corregilionarios, principalmente os ocidentais. E a pessoa por detrás da instituição até parece realmente humilde, não só na forma como desempenha o seu papel institucional, mas também enquanto pessoa individual, assumindo-se como alguém normal, ou pelo menos apenas como mais um monge budista que, por ditames do destino, representa um determinado papel de destaque. Evita falar de reencarnações e não finge beatudes de especie nenhuma. Parece-me que ele é assim genuinamente e não apenas forçado pelas circuntância tentando encarnar esse papel como meio de sobrevivência. Como diria uma amigo e aluno: desconfio um qualquer maestro que não ri. E ele ri. Muito. Sinceramente simpatizo com ele. E desde logo com a sua causa, que é de todo perdida. Ser um gajo simpático, dócil e moderado pode ser muito agradável a título de relacionamentos pessoais, ou como escape a um mundo (incluindo o mundo “espiritual”) feito de egos-maniacos exacerbados. Mas, a nivel de poder politico, o $ e a espada são factores muito mais imponentes e que se relectem também a nivel cultural. Põe-me a pensar quem e como quero ser eu…

Através do pouco que vou lendo de Budismo também vou percebendo como é descendente directo da tradição cultural Hindu, e como, provavelmente, também a influênciou bastante. Há muitos conceitos iguais, ou pelo menos parecidos. Nomeadamente a enfase no caracter practico dos preceitos filosóficos e na valorização da vivencia pessoal da cada um. A filosofia que contém e propõe é em muitos casos próxima áquela que vivêncio. E precisamente devido ao facto de ser tão próxima mantenho-me atento, para não confundir e misturar tudo. Sobretudo na parte profissional. VIVEKA…

1 comment:

Anonymous said...

rsrsrsr

Não alinho muito por esse raciocinio. Compreendo mas creio que até é mais qu eisso. Pensa ao ocntrário: se fosses tu a teres sido escolhido (à sorte) o que farias? Colaboravas com os chinocas, implantavas um novo reino radical na ìndia, adoptarias um estilo mais "teo" ou a simpatia, ou cagavas em tudo?

Eu devo andar meio sensivel. até curto o gajo.rsrsrsr