26.10.07

Donostia, pintxos, arte e experiências sinistras!


Há cerca de 3 anos, foi em San Sebastian, ou Donostia, que começou o meu périplo pelos estrangeiros que culminou com a emigração.

Já lá tinha estado uma vez, de passagem, com o amigo Jo e com o To Ribeiro, a caminho de Bordéus. Mas foi há três anos, em Dezembro que fui lá pela primeira de várias vezes para descobrir aquela que é para mim uma das cidades mais belas do mundo!

É pequena em habitantes mas grande em encanto. Muito encanto. Ainda mais quando está bom tempo e chegamos em pleno fim de semana final do prestigiado Festival de Cinema de San Sebastian (o 55º) com o movimento que isso trás, inclusivé uma boa dose de estrelas de Hollywood contratadas para dar glamour ao festival. Mas não é só durante o Festival que a cidade tem um certo ar cosmopolita que faz lembrar outras metrópoles dignas desse nome. As fachadas de majestosos edifícios ao longo do rio e suas pontes fazem de facto lembrar Paris. E com mar! E sem parisinos...

Para ter uma idéia o melhor é visitar diretamente a cidade. Senão, pelo menos uma viagem cibernética, atrás de fotos e vídeo ajuda a dar uma idéia. Para mim é das cidade mais bonitas, mesmo conhecendo bastante bem Itália, e outras partes famosas da Europa! A cidade tem encanto. Um encanto que ainda advém da sua fantástica geografia, um encanto que vem de outros tempos, quando a família real ali iam a passar as suas férias de verão. Curiosamente não tem quase nada muito antigo. O Chamado casco antigo, tão típico das cidade espanholas, aqui parece muito mais antigo do que realmente é, pois ainda há não muitos séculos foi tudo destruído por guerra e incêndios, onde aliás os portugueses colaboraram com muito gosto, por motivo da famosa aliança britânica. Enfim, coisas da História.

Estamos em pleno País Basco. E isso é bom. E é mau! É bom porque eu adoro o Cantábrico, com a suas baias, as suas praias, o seu mar e ondas. É bom porque as pessoas são directas e honestas, o que pode dar a parecer que são agressivas, mas não é assim tanto. O outro lado, o mau, tem nome: eta. E o que ela significa: nacionalismo basco. E a Eta-nacionalismo basco tem uma marca principal: esquerdismo nacionalismo que é a mistura religiosa mais perigosa que as alquimias políticas alguma vez produziram. Não vale a pena entrar muito por este assunto, mas ele é omnipresente nesta sociedade. Como eles são essencialmente ricos, pelo menos são os mais ricos de Espanha, não têm muito do que se queixar, acaba por ser esse um dos pouco assuntos políticos na agenda, e por isso também o que ganha cada vez mais destaque. E está presente em quase tudo, desde a língua basca (Eskera) que é utilizada para produzir desentendimentos, sectarismo e discriminação real, até ao “imposto revolucionário” que os esquerdistas da ETA sacam a bem ou a mal das empresas bascas. A coisa vai a tal ponto que o assunto nacionalismo, embora sempre presente, é uma espécie de tabu para uma grande parte da população, principalmente os mais tolerantes ou simplesmente desinteressados nestas questões, que ao não se definirem são imediatamente acusados de direitistas, anti-nacionalistas (como se fosse uma ofensa), e até “chivatos”.

É incrível como pessoas cultas, educadas, amigáveis, se tornam fanáticos perigosíssimos de um momento para o outro ao ser tocado num seu ponto sensível, que neste caso é o nacionalismo basco. Enfim, se acontece até com o yôga porque não deveria acontecer com este tipo de religião?! O certo é que ali não há grande espaço para ser rebelde sem causa. A causa a aderir é mais que evidente.

Voltando ao bom: 1- a beleza geral de toda a cidade. 2- os pintxos!

Dizem que os melhores cozinheiros e restaurantes do mundo são bascos. Salvo exageros vale a pena, principalmente para não vegetarianos, ir até lá só para comer.

Depois ainda aproveitamos à vinda para passar por Gestona, onde passoas a visitar uma das mais famosas escolas espanholas de Yôga. Realmente estava lá. A porta até estava aberta. Entramos, vimos sapatos de gente que estava me sala de aula, tentamos perguntar informações com um individuo que era nitidamente residente do “ashram”e que não parecia nada interessado em estabelecer comunicação, aproveitamos fomos ao WC, passamos pela cozinha, esperamos mais uns minutos e... nada! Ninguém. Sinistro!!!

Seguimos adiante, fomos para Bilbao. E não, não voltei a entrar no Guggenheim, que eu acho interessante a nível arquitectónico mas igualmente insignificante a nível de conteúdos. De todas as vezes que lá fui a obra de arte que mais gostei foi o mega cão feito de arbustos que está fora, à porta do museu!

E Bilbao? Pense em Donostia, é o oposto! Grande, hiper industrializado, zero de beleza e glamour. Se não fosse o museu ninguém lá pararia. É incrível como uma obra solitária pode ser tão influente. Mérito principal do arquitecto. O certo é que o raio da cidade se tornou uma referencia para artistas, e tem realmente um movimento grande nesse aspecto, incluindo até uma zona de galerias etc. Dispensável. Para mim os pinxtos que vi e comi em Donostia superam largamente qualquer obra de arte avaliada em biliões e que fazem passar naquele também caríssimo museu!

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