13.5.10

O meu Deus louco!


Há já mais de um ano, num contexto cultural diferente, fiz uma pergunta a um grande sábio, expoente máximo de outra religião, que ainda hoje nao quer calar: Se o Criador é bom, bondoso, se nos ama, se é amor, se é tudo, se nós e o mundo nao somos mais que uma criação de Deus, se somos Deus (não estava a falar do teísmo cristão, mas aplica-se quase igual), então como, porquê e para quê existe o mal?

Na altura, esse sábio, NÃO RESPONDEU. Disse que a pergunta não fazia sentido e que era bem claro que blá blá blá, e embrulhou-se numa respostas confusa e sem sentido. Ou que pelo menos eu não entendi.

Hoje, ao ver um programa da RTP2, o excelente Sociedade Civil, dirigido pela bela, inteligente e simpatiquissima Fernanda Freitas, dedicado ao tema "Porque acreditamos?" (em Deus), com representantes do judaísmo, catolicismo, islamismo e evangelismo cristão português, a coordenadora refez a mesma pergunta a partir de um comentário que fizeram no blog do programa, e que ela colocou, e muito bem, assim:
se Deus é criador de toda a criação (inclusivé do Homem), e é amor, então porque existe o mal, as guerras, o sofrimento, etc?

Os representantes eclesiásticos NÃO RESPONDERAM. Entretanto embrulharam-se em respostas pouco claras, mas que
apontavam no seguinte sentido: o mal (nos seus diversos aspectos) é culpa do Homem, não de Deus.

Deus é amor, é tudo, é Criador de toda a criação, é criador do homem! Mas quando é preciso explicar a existencia do mal, do sofrimento, crueldade, etc., de repente já não é Deus, é o homem! Por algum motivo algures na história do cristianismo foi necessário criar a figura competitiva do Diabo...

Isto para mim não faz sentido. Até seria capaz de acreditar num Deus que é tudo, um todo a recriar-se continuamente...algo por aí. Mas esse todo incluí a dor, o sofrimento, o ódio, a inveja, a cobiça, a crueldade, a guerra, caos, etc. Amor, ordem, etc. também.

Pouco depois um dos intervenientes disse algo que para mim explica muita coisa: não pode colocar o seu canone de moralidade, de modo de vida, em si mesmo, como pessoa, pois é demasiado instavel, falho, limitado. Precisa de um exemplo maior, superior, perfeito, para o inspirar, para o guiar, para servir de modelo para a sua acção. Jesus Cristo claro.

Faz sentido. Para ele.

Eu remeto-me, cada vez mais, ao Antonismo, com toda a loucura e riscos a isso associados!

12 comments:

Mario Bernardes said...

A resposta é muito simples... Como saberias o que é o bem sem existir o mal? Como teriam as pessoas consciencia do que é o bem e fazer o bem sem estarem familiarizadas com o mal?

Precisamos de referencias para moldarmos o nosso conhecimento. Precisamos sempre de comparar para saber como é. Nunca saberias o que é o conforto se nunca tivesses passado pelo desconforto. Nunca saberias o que é o doce se nunca tivesses experimentado o salgado... Nunca saberias o que é estar saciado se não tivesses passado pela fome...

O bem e o mal têm de co-existir assim como a noite e o dia, o calor e o frio... O doce e o salgado... O mundo nunca poderia ser perfeito...

Por isso que a pergunta não faz sentido...

Anonymous said...

Concordo, então caro António, o que se lhe oferece dizer dentro de tanta sabedoria e Antonismo?

Duarte Pedroso

António said...

Mário,

Tenho seguido as tuas viagens, fantásticas como sempre.

Sobre o assunto...Pois é, do ponto de vista psico-sociológico é mais ou menos simples de perceber. Mas eu tentava perceber a lógica do ponto de vista religioso.

Duarte,

O meu "Antonismo", não é muito sábio. E sobretudo não diz grande coisa. Mas, na sua simplicidade diz para seguir o que vai dizendo a sua própria consciência. E se carregar lá no link diz mais uma banalidade ou outra...

Sophia said...

Tenho imenso respeito por todas as religiões. Não acho que sejam condenáveis se trazerem fé. Não sei até que ponto por um filho doente não irei fazer o caminho até Fátima como hoje tanto critico. Não critico religiões, critico a comercialização da mesma.

António said...

Margarida,

Também tenho imenso respeito pela maioria das religiões. Tanto que nos últimos 10 anos o que mais tenho feito é estudado (tanto como auto didacta, como academicamente), vivido e até ensinado religião. No que concerne a religião católica, por exemplo, religião de que não sou fiel, tento não alimentar algum tipo de antagonismo. Nos últimos 2 anos foi 2 vezes a Fátima, uma a pé. E também assisti a várias missas...

Nem sequer critico a comercialização das religiões. Desde que não me queiram converter mais ou menos à força, ou que não fomentem fanatismos e fundamentalismos que afectem a minha liberdade, cada um faça o que bem entender.

Mas como é assunto que me fascina, tento entender. E questiono-me.

Ricardo said...

Também quero comentar:

(parte1)

Eu não tenho respeito nenhum por nenhuma religião.

E se ainda há entre os não crentes quem repita que se deve ao menos respeitar, mesmo não acreditando, é porque no fundo está a repetir o que ouviu, mas mais importante, anda desatento.

O tema religião voltou com redobrada força de novo ao quotidiano mundial, de uma forma que para muitos já não parecia possível. Temos os reaccionários Islamistas a quererem impor e reinventar um Império perdido e a tentarem destruir liberdades e conquistas sociais do passado recente, temos a Islamização da Europa e a iminente reacção cristã, continuamos a ter o anti-semitismo em todas as suas antigas formas e mais algumas novas, temos a bonita juventude reaccionária Islâmica no Norte da Europa (alias, no Mundo) a querer ditar à força da violência e medo o que aqueles que os acolheram têm o direito ou não de dizer, continuamos a ter o civilizado debate na Irlanda do Norte, sobre que tipo de cristão é o correcto ser, continuamos também a ter o sempre saudável desentendimento entre Paquistão e Índia que no seu nascimento tiveram que ser divididos e separados entre muçulmanos e hindus e com muitos dos seus adeptos a sentirem que deus está com imensa vontade para actuar com a sua divina mão Nuclear, temos ainda a saudável disputa entre budistas e hindus no Sry Lanka, temos os ortodoxos, cristãos e muçulmanos nos Balcãs, temos os evangelistas nos Estados Unidos a quererem ensinar pseudo-ciência nas escolas publicas, temos a longa mas nobre disputa Israelo-arabe, temos o papa a dizer que em África a sida é má, mas o que é realmente mau é mesmo o preservativo, temos ainda em África os exemplos de comportamento exemplar das religiões, quando se lhes é dado poderes que na Europa já há muito perderam, como o divino direito de matar homosexuais e mulheres que cometem adultério, a cortar partes dos genitais (porque deus criou um ser perfeito, com a excepção de algumas peles e carnes), e não esquecer os padres e bispos que estão a ser julgados no Ruanda, e porque o texto já vai longo deixo de fora as violações a crianças nas Instituições religiosas, as injustiças praticadas ao sexo feminino ao longo dos anos, a saudosa inquisição, a necessária e divina escravatura e as injustiças e massacres praticados às tribos Sul Americanas.

Portanto eu acho que a pergunta faz não só sentido, como poderia ser até feita de várias outras formas, como por exemplo, se as religiões supostamente pregam o bem, porque é que elas dominam tão bem o mal?

Obviamente a religião não tem o monopólio da violência, mas não há duvida que ela é um sócio maioritário.

Ricardo said...

(parte 2)

E o que a história mostra de uma forma evidente, é que a religião aprendeu a sua moral do homem, e não o contrário. No mundo Ocidental foi sempre, e com atraso, que a religião seguiu a sociedade civil. A separação da Igreja do estado foi um ganho para as sociedades, o movimento anti-escravatura foi iniciado e era maioritariamente um movimento laico, os direitos da mulher foram ganhos contra a moral religiosa, o direito à liberdade sexual ainda é uma luta contra a moral religiosa, os avanços da ciência (também aquela que salva vidas) foram sempre avanços em choque contra a religião (e sim, a Igreja Católica já pediu desculpa pelo julgamento de Galileu e já lhe deu razão, no ano 2000).

A religião foi das primeiras tentativas de entender e explicar o mundo, e na altura era o melhor que havia. E enquanto ela se manteve praticamente imutável, o homem com a sua curiosidade e coragem foi vencendo a luta contra o dogma e foi entendendo e descobrindo um mundo onde a filosofia, literatura e ciência nos trazem mais entendimento, moral, beleza, mistério e alívio que qualquer religião pode trazer.

Mas enquanto tivermos medo da morte, nossa e dos nossos, enquanto mantivermos este desejo de sermos escravos, ou rebanho, enquanto houver pessoas que acreditam em tudo e enquanto nos faltar cepticismo haverá sempre espaço para as religiões florescerem.

E eu sei que vocês gostam mais das soluções orientais, mas para mim elas são igualmente nocivas.

Eu não tenho respeito nenhum por quem se diz ou acha divino e está disposto a viver essa vida à conta da credulidade dos outros. Nesse sentido, e embora ela seja uma personagem simpática (que eu por acaso já vi ao vivo) não tenho qualquer respeito pelo Budismo e pelo Dalai Lama. Eu acho muito pouco saudável um Mundo onde uns se ajoelham e prostram em relação a outros, e desconfio sempre de quem não tem pudor em deixar que se ajoelhem para ele, lhe beijem a mão ou lhe chamem divino.

E já agora, se experimentarmos fazer a pergunta porque há mal, doenças, catástrofes, tremores de terra, tsunamis no mundo, retirando à equação a existência de deus, veremos que é muito mais fácil responder. Aliás, veremos que o homem já encontrou respostas para algumas dessas perguntas. E não foi à custa de estudar o "livro único".
Eia, foi grande. E eu sem tempo para isto.

Um abraço

Ricardo said...

E outra coisa para responder ao Mario,

sim, concordo contigo que a comparação é o que nos traz a medida. Mas enfim, será necessário ainda hoje homens, mulheres e crianças morrerem numa explosão provocada por um colete cheio de explosivos vestido por um adolescente com deficiência mental às ordens de homens de fé de caracter duvidoso, para dar-mos valor aqueles outros que trabalham com crianças e adolescentes com deficiência para tentarem lhes proporcionar um futuro porventura diferente e mais nobre?

António said...

oI Atalívio.

Agradewço desd ejá pela óptima reflexão...

Não tenho uma visão tão negativa da religião.

Par amim a religião , em si mesma, nem existe. O que existe são pessoas. A religião só existe, e só importa, na medida do que as pessoas pensam e fazem.

Religião em termas das pessoas a pensarem-se a si mesmas e ao mundo não me chateia nada, antes pelo ocntrário.

O que chateia são os fundamentalismos, que tão bem referist, os fanatismos, a tentativa de impor verdades e morais aos outros...

Anonymous said...

Chon, a falta de senso
ou o porquê do fim do hospital de Alcobaça:
http://chon2010.webs.com/

Anonymous said...

O mal é a ausência do bem.
Deus é bom!
O boca fala o que o coração está cheio.
Deus não criou o mal.
O Mal nasceu no coração de Lúcifer, quando ousou a desobedecer a Deus e afronta-lo. A luz que existia em seu coração se ausentou e deu lugar as trevas. O mal é origem das nossas escolhas.
É fácil colocar a culpa em Deus, quando fazemos as escolhas erradas em nossas vidas.
Se o mal existe, o único que não é culpado é Deus.
Deus não interfere nas nossas escolhas. Eles nos Deus o livre arbítrio, e interferir nas nossas escolhas seria ferir um atributo de Deus.
Não coloque a culpa das tragédias, catástrofes, guerras e mortes em Deus, ou em Jesus. Jesus veio para nos dar vida, então, como poderia nos desejar a morte? Deus quer que vivamos o melhor nessa terra, então, como poderia nos desejar mal?
Façamos as escolhas certas, como um filho que obedece o pai e honra o pai, e seu pai se alegra e o abençoa.
Não seja um órfão, sendo que o amor do seu pai DEUS esta totalmente disponível para vc!

Jisoo Blackpink said...

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