14.1.05

Yôga e liberdade III

Somos normais!

Seguro não é o mesmo que perfeito. Perfeição é difícil, mesmo que tentemos constantemente alcançá-la! Erramos como os outros. Basta ser humano e já estamos a errar. Um grupo de humanos erra ainda mais. E aprendemos tanto com os erros como com os acertos. È tentativa e erro. Somos normais! Somos parte integrante da vida, com ela somos unos. Não somos seres extraterrestres, ou anjos. Nem temos pretensões a isso. Pelo menos eu. O Yôga é uma filosofia perfeita. Mas os Yôgis têm uma personalidade. Nem melhor nem pior que os outros. Simplesmente somos pessoas. Cada um com as sua características, que consoante os pontos de vista relativos são qualidades e/ou defeitos. E também não desenvolvemos complexo de culpa por não sermos perfeitos.


Pessoas lúcidas…

É bom relembrar que não trabalhamos nem com crianças nem com a primeira fase da adolescência, nem com doentes e idosos. Os muito jovens são muito instáveis, inexperientes e influenciáveis. Os doentes estão fragilizados e predispostos a aceitar tudo o que se anuncie como salvação! Não se encontram tão lúcidos e esse não é o nosso trabalho. Damos preferência à faixa etária entre os 18 e os 38 anos, estando a maioria dos praticantes entre os 23 e os 38. Consideramos essa a faixa etária mais lúcida, criativa, saudável e forte. Estão bem e não estando necessitados são menos manipuláveis. Já tem alguma experiência de vida (estudos, trabalho, relacionamentos afectivos, etc.) mas ainda tem força, ambição e coragem para criar e construir. É gente com Poder. Livre e responsável pelas escolhas que faz. Também não proibimos ninguém de praticar. Nem poderíamos! A idade é mais uma referência, que situa mais a evolução biológica do que cronológica. Quantos cinquentões não são jovens de corpo e espírito, e quantos adolescentes não estão já derrotados?

Transparência

Alguns dos nossos maiores críticos também pertencem a essa faixa mais lúcida, e contribuem para o nosso aperfeiçoamento e crescimento com as suas boas críticas. Obrigado!

A Uni-Yôga há já muitos anos que se destaca no panorama do Yôga. E alguém que se destaca é conhecido e criticado. O nosso trabalho é o mais conhecido e discutido. Somos a mais vigiada escola de Yôga. Vigiada, perseguida, difamada, injuriada…Confesso que ás vezes não conseguimos evitar reagir ficando na defensiva, pois qualquer coisa que façamos está condenada a ser convenientemente interpretada pelos nossos concorrentes, adversários e inimigos declarados. E pela enorme legião de leigos e terceiros (desde empresas meramente comerciais, passando por outras ordens profissionais, outras instituições filosóficas supostamente afins, etc.) interessados no mundo do Yôga. Às vezes até parece que os nossos críticos estão mais atentos ao que fazemos do que nós próprios! É mesmo assim. Somos uma instituição aberta, sem secretismos.


Muita gente fala da Uni-Yôga e de DeRose, cada um com as suas sentenças. Generalizações (sempre perniciosas) e julgamentos sumários são o que mais abunda. E tantas vezes feitos por quem não nos conhece pessoalmente, e muitas vezes nem sequer leu um livro nosso. Fofoca no mundo do Yôga existe como em qualquer outro. Para uns somos quase deuses, postos num imerecido pedestal, para outros autênticos diabinhos! Às vezes dá vontade de rir outras quase dá vontade de chorar.


No geral isso é bom. Isso estimula-nos a melhorar, a lutar pelo que queremos, e a fazê-lo de uma forma mais lúcida, sempre com direito a contraditório garantido!


Anti -manipulação


Além tudo isto não prometemos nada. Nem benefícios, nem efeitos, nem sequer “evolução espiritual”. Não temos nada contra o comércio, mas não cedemos a esse tipo de mercantilismo deturpador do Yôga, que o desvaloriza e lhe tira dignidade. Para nós filosofia não é algo menor. É o fim em si mesmo. Só Yôga e como filosofia. E de tendência meramente técnica, despida de rituais e linguagem românticos e charmosos. É sabido desde o início que esta filosofia “mexe” como o ego, para (r)educá-lo, ou até demoli-lo. Ninguém se iluda. Não é fácil. É tudo bem claro. Quem quer quer! Quem não quer não perde tempo e dinheiro! E se decide aí gastar os seus recursos é porque o deseja e escolhe livre e responsavelmente.

Liberdades cívicas


Como é óbvio as nossas liberdades cívicas são imaculadas. Somos estimulados a agir, a interessar-nos pelo mundo, e a fazer história. Com o Yôga tendemos a ficar mais enérgicos e lúcidos, e isso aplica-se a tudo o que circunda a filosofia. Mas institucionalmente não há posições ou interferências políticas ou religiosas. Não faço a mínima ideia de qual a religião que os meus colegas e alunos seguem, ou se seguem alguma. E jamais alguém perguntou a minha. Também não se discute política (especialmente partidária) nas nossas escolas, sendo cada um livre e responsável pelas suas acções (ou omissões!) e escolhas nesta área. Acho que uns serão pró e outros contra a globalização. Uns ecologistas empenhados outros nem tanto. Uns fazem surf outros preferem a net. Alguns seguem o futebol, outros novelas, outros serão anti-sistema...Enfim. Cada um é como é. Cidadãos como os outros. Só fazemos algumas restrições quanto ao consumo de drogas. Não só porque isso é uma questão importante na prática, mas também por respeito ás leis. Ainda assim, quem decide deixar de consumir drogas por exemplo fá-lo, não por ser obrigado (ninguém é obrigado a nada), mas sim por conscientização. Por reconhecer inteligência e vantagens nessa opção.

Tendências radicais


Quando as pessoas levam tudo bastante a sério, com entusiasmo e entrega podem ficar fascinadas - ofuscadas com aquilo que estão a fazer. É um risco que se corre no Yôga como em qualquer outra coisa ou lugar. Isso até costuma estar associado à maioria dos casos de sucesso, e em certo grau é positivo. É fruto da concentração. A concentração implica abstracção. Se não for feito com lucidez e cuidado esse processo torna-se alienante, e isso já é mau. Acontece a quase todos em determinados momentos e circunstâncias, mas acaba por ser pior para os que têm personalidades extremistas e desequilibradas. Pessoas do 8 ou 80, que ora são totalmente pró ora são totalmente contra a mesma coisa, que se deixam enredar em relações de amor e ódio. Instáveis. Enfim! Pessoas que criam fanatismos e conflitos, com os outros e consigo próprios. Acho que o Yôga é mais indicado para pessoas que à partida já são mais equilibradas. Pelo menos o nosso.

Liberdade na realização pessoal e profissional


Profissionalmente um instrutor tem uma grande margem de liberdade para se realizar dentro do SwáSthya Yôga.

O curso, como qualquer outro, envolve uma base de conhecimentos e experiências comum para todos. A partir daí há uma infinidade de opções para os instrutores.


Podemos trabalhar em qualquer parte do mundo que queiramos. Podemos aproveitar o privilégio e as vantagens de trabalharmos coordenados e cooperantes em rede (Tantra), ou fazer um trabalho mais autónomo. Podemos ser escritores, gestores, coreógrafos, ministrantes de aulas e cursos. Também há para fazer um trabalho mais institucional, e outro mais comercial. Ou um pouco de tudo isso, e ainda mais vertentes que a nossa profissão abarca. Estamos em constante contacto com pessoas jovens e lúcidas. Pessoas activas, empreendedoras e cultas que se interessam por filosofia. Enfim! O SwáSthya é um oceano imenso de diversas possibilidades.

Muito mais poderia ser escrito sobre este tema.


Liberdade e Yôga são intrínsecos.


O tema é infinito.

Mais fica para outra oportunidade.


Espero que esta explanação possa ser útil a mais alguém, pois para mim fazê-la já foi construtivo.


António Matos

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