14.1.05

Yôga e liberdade

Prefácio


Não queria que este blog fosse sobre Yôga. Isso é a minha vida. E logo também o meu quotidiano, a minha rotina, e eu adoro isso! Mas o objectivo do blog seria mais ter um espaço para o resto. Para os outros amigos e família extra Yôga, extra Porto, mais longe de onde estou e do que faço. O Yôga não é assunto tabu mas aqui prefiro outros assuntos. Outros sítios, viagens, música, política, cinema, surf, enfim…


A seguir a ver aquela entrevista excelente com o DeRose no DN magazine
(12/12/2004), um amigo perguntou sobre o Yôga, o papel do mestre, como fica a liberdade… E já não foi o primeiro a perguntar sobre o assunto. A maioria das pessoas desconhece o que é um Mestre de Yôga e por isso desconfia do conceito. Por acaso já tinha dissertado um pouco sobre o assunto (ver blog: Inspiração e Orientação), mas foi mais um bom pretexto para reflectir e pôr as ideias bem claras e em ordem.


Acho que tudo o que vou escrever é óbvio! Para quem já leu os livros e viu os vídeos do DeRose nada será uma surpresa. E quem não já não concorda não vai passar a concordar. Temo que ao ser mais detalhado apenas esteja a complicar tudo, que é na realidade muito simples. Ainda assim espero que quem tinha dúvidas e interesse na questão possa ter mais alguns elementos para formar a sua própria opinião.


Este assunto é, para mim, muito interessante e importante. E dava para escrever um livro! Vai demorar uns 10 minutos!


Como é bastante longo ficam aqui os tópicos principais:


Conceito supremo: a liberdade


Liberdade em todos os sentidos que se possa percebê-la


Liberdade de escolher o Yôga


Liberdade de escolher entre os muitos Yôgas


Liberdade dentro de cada Yôga


Liberdade de evolução


Um método completo e individualizado


Liberdade na relação Mestre – discípulo


Liberdade institucional


Regra básica de segurança


Somos normais!


Pessoas lúcidas…


Transparência


Anti –manipulação


Liberdades cívicas


Tendências radicais


Liberdade de realização pessoal e profissional


Aqui vai. É a minha visão pessoal. Visão liberal...



Yôga e liberdade

Conceito supremo: a liberdade


O Yôga, para mim, está ligado a um conceito supremo: a Liberdade.


Para alguns é uma busca de eternidade (sat = existir) ou imortalidade. Para outros é uma procura da própria consciência (chit), ou o auto-conhecimento. Há quem busque Deus (nem vale a pena começar a discutir o que Deus é ou deixa de ser neste contexto…). Muitos querem a felicidade (ánanda). Para mim tudo tem como foco principal a Liberdade.


Tudo isso não é contraditório entre si. Nem se exclue mutuamente, antes pelo contrário. Mas a mim o que mais me estimula é a liberdade. E o conhecimento. O conhecimento em geral, o auto-conhecimento, a própria consciência. O que menos me diz é a felicidade (acho que é típico português!). O que é a felicidade? Satisfação, bem- estar, prazer?


Liberdade em todos os sentidos que se possa percebê-la.


Liberdade da consciência. Liberdade do Homem. Liberdade da personalidade. Liberdade mundana…Tanto A Liberdade transcendente e expandida, liberdade da consciência em relação às limitações da consciência egoísta, limitada e condicionada no complexo ego-personalidade. E também a liberdade da personalidade condicionada em si mesma, no meio social e na natureza.

Sempre foi isso que me estimulou à filosofia em geral, e que o Yôga encara de forma tão directa e prática, de forma sistematizada, objectiva e abrangente, e com tanta força. Por isso acabei por dedicar a minha vida a esta poderosa filosofia milenar.


Para além da liberdade superlativa que tem a ver com o samádhi, com a expansão da consciência e o auto-conhecimento, há ainda aspectos mais básicos e “terrenos” da liberdade e do Yôga. Coisas concretas, mas em nada menos importantes, nem menos filosóficas…


Liberdade de escolher o Yôga

A liberdade no Yôga começa logo pela liberdade de praticar, ou não, Yôga.

O Estado não obriga ninguém a praticar e estudar esta filosofia. Os pais não incentivam nem pressionam ninguém para esse caminho. Antes pelo contrário. O Yôga no ocidente ainda é pouco e mal conhecido e logo pouco e erráticamente valorizado. Por isso só pratica quem quer e porque quer, e pode. Se e enquanto quer. E com quem quiser. Ou até sozinho!



Mas também quase nada pode impedir alguém de adoptar esta filosofia de vida. Só a falta de vontade sincera do adepto. Afinal, só requer tempo (o mais valioso dos bens!) e pouco mais do que 2m2!


Liberdade de escolher entre os muitos Yôgas


Pode-se escolher que tipo de Yôga se prefere. Há tantos! De várias linhas, enquadrados por várias tradições culturais, dentro das várias religiões e fora de todas elas, e em quase todos os lugares do mundo. Os métodos também são múltiplos e bem distintos. E ainda se pode optar (ou por falta de opção…) por praticar algo não sistematizado. Há muitos Mestres e escolas e até variadas denominações: Yôga, Yoga, ioga…


Liberdade dentro de cada Yôga


Dentro de cada estilo e método é comum haver infinitas variantes para se encaixarem quase todas as vontades.

Veja-se o caso do Swásthya Yôga, aquele que escolhi e melhor conheço.


Pode-se praticar sozinho apenas apoiado em material didáctico (livros, Cd`s, vídeos, etc). Há quem pratique em ginásios, afins, escolas variadas, faculdades várias, etc., tudo com instrutores diversos, o que desde logo torna quase tudo diferenciado. Vários vão-se apoiando em cursos esporádicos de aprofundamento e especialização. Alguns valorizam a filosofia de vida outros nem por isso. Outros optaram por escolher alguma escola conectada com a Uni-Yôga, e são muitas e todas elas diferentes (diferentes alunos, instrutores e directores, espaços, etc.). Dentro das escolas ligadas à Uni-Yôga que também são Rede DeRose e representação da Universidade de Yôga também há muitas opções. Primeiro, as próprias escolas são diversas, muito embora procurem identidade comum em vários aspectos operacionais. Depois têm também opções diversas. Alguma trabalham exclusivamente com formação profissional, outras também têm práticas regulares…


Liberdade de evolução


Os alunos são livres de se aplicarem na medida que quiserem e evoluírem nessa mesma medida. Só galgam graus de aluno se e na medida que querem, e só passam a instrutores se o desejam (e merecem obviamente!). Até existe a possibilidade de nem praticar Yôga se chegarem à conclusão que afinal não era isso que queriam e já ficam satisfeitos com Bio-ex, que não é filosofia e não tem compromisso algum. Há ainda a possibilidade de regredir e dar passos atrás, caso a evolução tenha sido demasiado rápida ou um engano (ainda que voluntário).


Um método completo e individualizado


O Método DeRose de Yôga Avançado é muito completo e flexível. Permite explorar quase todos os recursos técnicos que existem no Yôga. E, embora tudo esteja perfeitamente sistematizado, a estrutura da prática é tão flexível que cada um pode evoluir na prática consoante as suas necessidades e gostos. Tudo é individualizavél.


Caso o praticante decida voluntariamente estudar e praticar mais, e queira aprofundar a sua evolução nesta filosofia de vida, encaminhando-se para ser instrutor (consoante regras claras e pré-estabelecidas) acaba por naturalmente se estabelecer a relação entre si, o discípulo, e o seu Mestre. E também aqui se mantém a liberdade plena.

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