Liberdade?
Liberalismo?
Muito se fala de liberalismo, neo-liberalismo, os benefícios, os supostos aspectos malignos, etc. Mas, será que existe, esse tal de liberalismo?
Num ponto de vista pessoal, o liberalismo é sempre limitado. Muito limitado.
Limitado pelas nossas condições: humanos, nacionalidade, classe social, poder económico, potencial genético e capacidade para o seu aproveitamento efectivo, etc. Limitado porque as acções são sempre ambíguas, contendo em si o seu oposto, a reacção. Limitado porque a nossa acção depende do nosso, sempre limitado, poder. E do poder dos outros. E isso reflecte-se também no princípio ético que reza: a liberdade de cada um acaba onde começa a dos outros, com tudo o que isso tem de subjectivo e fluido. Enfim, a nossa liberdade pessoal é limitadíssima!
E a nível macro? A nível sócio-politico mais amplo?
É igual!
Não existe sociedade sem estruturas multi-pessoais que enquadram e controlam os indivíduos. Sociedade pressupõe governo, para garantir eficácia, eficiência, segurança, liberdades…
Os apoiantes dos sistemas de maior controlo sócio-económico estatal, principalmente os comunistas (mas não só), costumam culpar os sistemas liberais de todos os males do mundo! E ao mesmo tempo dizem que os comunismos (e fascismos) que de facto mostraram o seu fracasso, não o eram autênticos. Que o ideal era outro. Que foram corrompidos e roubados da sua pureza de intentos, etc. Então e o liberalismo? Algum país e seus governos alguma vez aplicaram um liberalismo autêntico e “puro”? Não, nunca. Então também não seria a teoria liberal que estaria por detrás dos problemas, mas sim a sua falta de “pureza” e desvio em relação ao ideal…
Em ideal tudo pode ser perfeito, pois não tem de conter nenhum realismo, nem de se provar em realização efectiva!
Na realidade nada é “puro”! Tudo é compromisso.
Um compromisso que deriva do facto de tudo estar inter ligado, integrado, UNIDO.
As democracias ocidentais que têm prevalecido no mundo, em nada têm de liberalismo puro. Não têm nem nunca tiveram ou viram a ter. Isso não existe.
O suposto neo-liberalismo é uma grande fantasia, tanto de quem o contesta, como de quem a defende.
As grandes democracias ocidentais sao ditaduras das maiorias. Ainda que ditaduras bastante tolerantes perante as minorias, das quais se alimentam para estimular a renovação e evolução constante. E isso em ideal. Na realidade estas sociedades, como quaisquer outras, são conduzidas, de forma mais ou menos transparente, pelos mais fortes e capazes, que são sempre poucos e governam a seu favor.
E os Estados, com os seus governos e as suas grandes estruturas administrativas, têm sempre um papel muito importante para o estado das coisas, que vai muito além da mera “coordenação” dos vários agentes económicos “civis”, como se advogava (e advoga) nas teorias liberalistas mais idealistas.
Vejam-se os E.U.A.
O Governo dos E.U.A. sempre teve um papel importantíssimo no desenvolvimento dessa, hoje, potencial nª1 do mundo. Muito para além do que o discurso sobre liberdade e iniciativa privada faz crer.
Para lá chegar foram empreendidos esforços dos governos europeus.
Depois, desde os primeiros momentos em que os colonos começaram a implantar-se, logo surgiram organizações estatais para governar a estrutura social que se iam formando. Desde as elites aos mais plebeus.
Foram esforços estatais que impulsionaram a expansão para o oeste, nomeadamente perante a resistência dos “índios” que, naturalmente, foram expulsos ou dizimados.
Desde cedo se formaram exércitos, e estes desde logo mostraram a sua importância. Ainda hoje, e como sempre, são os contractos estatais para os seus exércitos que impulsionam e garantem a vitalidade de grande parte da estrutura económica “privada” dos E.U.A.. E os exércitos não apenas financiam a investigação e as industrias do país como garantem ás empresas nacionais mercados favoráveis por todo o globo.
Poder-se-ia falar de forma quase igual em tudo o que tem a ver com investigação, expansão e domínio aeroespacial.
Foram programas estatais que fizeram a maior rede viária do mundo. E são subsídios estatais que permitem a sobrevivência da agricultura norte-americana.
E as dezenas de agência de vigilância e segurança estatais e federais? São tantas que se atropelam. Porque a liberdade parece precisar tanto de prosperidade como de segurança, que, aliás, parecem estar interligados. Desde as comuns vigilâncias policiais, passando pela vídeo-vigilância massificada, vigilância por satélite, acumulação e uso efectivo de todo o tipo de informações a cerca dos cidadãos, desde o que comem, a onde vão, ao seu DNA, a última moda…
Segurança, vigilância, controlo, e agora até…intolerância generalizada contar as minorias. A divisão e discriminação racial são constrangedoras. A comunidade muçulmana, neste momento, poucos direitos tem. A começar pela presunção de inocência! E isso numa terra, em que, a par da prosperidade financeira, uma das liberdades fundamentais seria a religiosa, pois esse foi um dos motivos principais que motivaram os colonos americanos…
Enfim, muitos exemplos mais haveria para ilustrar de forma clara que liberalismo puro e total não existe. Nem na “terra da liberdade”.
Na Europa também vivemos democracias sociais, com vast aintervençao estatal, seja ela mais ou menos centralizada. E o novo gigante, a China, prova que crescimento sustentado nao é imcompativel com dirigismo central.
Enfim. Exemplos e mais exemplos da falta de ... exemplos de liberalismo "puro" e "autêntico".
O que existe são regimes menos radicais. São mais flexiveis e tolerantes à diferença, à inovação e à mudança. Têm na diversificação e multelateralidade a raiz da sua vitalidade e força. E a sua moderação, embora sem conquistas gigantescas, prevalece sempre a médio e longo prazo.
Não sei bem o que há de liberdade nos nossos sistemas democráticos ocidentais. Mas, como disse Churchill, pode ser muito imperfeito mas é o melhor!
Gosto de ser ocidental, e gosto do nosso sistema politico. Sem grande orgulho, mas sem culpas nenhumas.
Posso não concordar com aqueles que lutam contra este sistema, especialmente contra aqueles que estão dentro e dele beneficiam. Mas luto para que o sistema se mantenha e que os que divergem possam existir e manifestar-se.
Porque sou democrata. E liberal!
O que existe são regimes menos radicais. São mais flexiveis e tolerantes à diferença, à inovação e à mudança. Têm na diversificação e multelateralidade a raiz da sua vitalidade e força. E a sua moderação, embora sem conquistas gigantescas, prevalece sempre a médio e longo prazo.
Não sei bem o que há de liberdade nos nossos sistemas democráticos ocidentais. Mas, como disse Churchill, pode ser muito imperfeito mas é o melhor!
Gosto de ser ocidental, e gosto do nosso sistema politico. Sem grande orgulho, mas sem culpas nenhumas.
Posso não concordar com aqueles que lutam contra este sistema, especialmente contra aqueles que estão dentro e dele beneficiam. Mas luto para que o sistema se mantenha e que os que divergem possam existir e manifestar-se.
Porque sou democrata. E liberal!
António
2 comments:
Nop. Não nos conhecemos. Mas gosto de ler o teu blog porque cada vez mais me interessa a outra forma de vida. A que eu queria quando tinha 18 anos e a que quero tentar pôr em prática a cada dia. Liberdade? Ó conceito é muito lato. E a minha liberdade está no meu espirito. espero...
Antonio my friend
ME interessa muito este assunto, pois tmb sou um defensor dessa bandeira. Não creio que os EUA seja o melhor exemplo p a liberdade.
Seu governo é altamente intervencionista, não só nos pontos q vc citou mas em algo pior q é a imprensa e o cinema.
Poderiamos ter exemplos melhores se estudassemos Hong Kong, Cingapura e Australia, embora eu tenha q concordar q o liberalismo puro nao existe.
Assim como Platão professou o mundo das ideias quando vem p realidade sofre distorções q o ser humano produz por não ser perfeito.
Abs
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