13.10.05

Sionismo


Judaísmo

Recentemente vi o mercador de Veneza. Foi interessante reparar mais uma vez como a questão judia é tão antiga. Muito mais que o século VXI. Mais que a nossa era.


Por toda a parte se perseguiram, “converteram”, expropriaram, expulsaram, e mataram judeus. Não foram só os nazis. Nessa altura revivia-se mais um momento de anti-semitismo na Europa. Em quase toda, incluindo na França onde esses sentimentos eram muito aviltados. Em todos os países da Europa ouve perseguições aos Judeus durante os últimos 700 anos. Quase todas por cristãos e muitas vezes em nome da cristandade. Ou pelo menos com essa desculpa. Nas nações dominadas pelo catolicismo ainda mais que nas outras. Talvez por isso a revolução industrial tenha surgido e se desenvolvido mais noutras paragens. Talvez por isso os parlamentarismos democráticos e o “laissez faire” se tenha incorporado e consolidado mais nessas outras certas paragens.

Não sei.

Aliás, nestas questões judias o que me é mais claro são os: não sei!

Há todo um mistério. Fomentado tanto pelos próprios judeus como pelos seus opositores.

Pelos judeus o maior mistério talvez seja o de não haver grande mistério. Eles parecem saber ser mais práticos. Saber ser mais empenhados na vida e sua luta. E saber lutar bastante bem. E parecem saber o valor prático do segredo e discrição. Como são menos e sempre bastante parecem primar pelo sigilo e anonimato que faz parte desse seu saber viver.

Será isso? Mais uma vez repito. Não sei.

A sua religião não parece ter nada de muito interessante em termos filosóficos ou teológicos. Mas tem algo que é fundamental e que eu nunca percebo muito bem. È o que os une como povo. E une-os tanto que quase se fala deles como uma raça. Um grupo ao qual não se converte através de uma crença, mas ao qual se pertence como a uma família. Uma família que acolhe, protege e dá força, mas que também marca, como uma marca de nascimento. Uma marca de sectarismo. Difundem-se mas não se misturam. Pode-se até deixar de o ser. Mas não se pode escolher sê-lo.

Todo esse viver um grande grupo me é estranho. Estou habituado a pequenos grupos: família, amigos, colegas. Ou a grandes: portugueses, a espécie humana. Mas estes grandes são tão grandes e indiferenciados que pouco ou nada dizem de mim. Não me situam e orientam no mundo. Apenas me colocam nele.

Seja lá o que for essa tradição cultural, e o que faz os judeus prósperos, a verdade é que a o judaísmo continua a ser uma questão na ordem do dia. Uma questão central e fulcral.

Em todo este “choque de civilizações” poderia colocar um epicentro: Israel. Não só territorialmente está lá no meio da guerra, como é o símbolo máximo dos Judeus, e, para o mundo árabe, a cara visível do ocidental moderno, pouco confinável e absolutamente desprezível. O sionismo israelita fez mais pelo fundamentalismo Islâmico nos últimos 50 anos que o domínio colonial europeu durante alguns séculos procedentes.

É, também, a oportunidade real para ver que os judeus são absolutamente iguais aos outros. Iguais a todos aqueles que os perseguiram extorquiram e quase exterminaram. Tão territoriais e fanáticos como os que combatem sem dó nem piedade.

Um amigo meu uma vez disse-me que achava que Israel ia acabar por cair. Em nome da sobrevivência de todo o ocidente. Porque a existência daquela pais é o fermento necessário para a contínuo aumento do ressentimento e ódio destrutivo dos árabes em relação ao “ocidente”. E porque com as armas que por aí há hoje não dá para estar continuamente a fabricar ódios.

Não sei.

Não sei que convicções e partidos adoptar nestas questões.

Mas preocupa-me!

Como alguém dizia: “ I just want have my kicks before the whole sheet goes up in flames!”

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