12.11.05



Hispânicos ou talvez não


“Pêro, qué es América? Bob Dylan o Georg Bush? Martin Luther King o Mac Arthur? Marylin Monroe o Carles Chaplin?
Y qué es España: Picasso o la Inquisición?
Todos tenemos muchas cosas que ocultar y otras de las que sentirnos orgullosos.”

Antonio Banderas em entrevista in XLSemanal

Os espanhóis andam num grande imbróglio com a questão do Estatut Catalán.

Por trás disto estão os nacionalismos regionais.

Por mim que sou PORTUGA, tanto me faz. E, obviamente, não tenciono meter-me.
Mas acho isto tudo um bocado disparatado!

Recuando:

O Zapatero para ganhar eleições aproximou-se das pretensões regionalistas. E por aqui as promessas eleitorais parecem ter um pouco mais (mesmo só um pouco) valor que em Portugal. Consequentemente abriu-se mais espaço para a Catalunha reivindicar um estauto de Nação.

Isto por aqui não tem nada de novo: os Bascos são ultra conhecidos pelo assunto. E os Galegos também têm as suas pretensões.

É coisa que se empolou a partir do fim da ditadura franquista onde tudo o que não fosse obedecer ao poder central de Franco era severamente reprimido. O Franquismo deixou marcas. A guerra civil espanhola foi das mais violentas do século XX. Deixou feridas que não se apagam em poucas gerações. Daí que, com o fim da ditadura, desabrochou uma dupla febre: os esquerdismos e os nacionalismos!

Poucas ideologias há mais tristes que a mistura entre: nacionalismos e esquerdismos! Talvez só os nacionalismos de direita…

Felizmente que isso é superado pela democracia “capitalista”. E que não se duvide: são os mais ricos que querem independência. Querem pagar menos impostos para os que produzem menos. O resto é floreado politico!

O nacionalismo tem alguns antecedentes reais. Mas a maioria é imaginação com base nesses longínquos genes, e muito disso é frutos de esperanças e insatisfação.

Estas ânsias regionalistas rebuscam o conceito de NAÇÃO. Um conceito que para mim já estaria na missa do sétimo dia.

Começou a ganhar forma nos fins do império romana, ainda na forma tribal. Tribos que evoluíram para feudos. Feudos que tornaram nações imperiais cujos imperadores e respectivos nobres procuravam dominar o mundo através de guerras permanentes entre si e pelo planeta fora. Já na era industrial tudo isso implodiu nas grandes guerras mundiais. Nessa altura teria sido oficializado o inicio da era da GLOBALIZAÇÃO, ela mesma com genes nas pretensões imperiais das nações europeias e já lançada lá pelo século XV…

Até ao inicio do século passado ainda se entendia que houvessem regiões com as suas diferenças típicas. Mas entretanto surgiram as estradas, os túneis, os automóveis, os aviões, a TV, e a W.W.W. Até a pílula nasceu para todos. E o Homem já vê o planeta da lua. E do espaço não se vêem fronteiras algumas.

Enfim: o conceito de nação seria um conceito de europeus e por eles mesmos enterrado! Seria algo sem sentido nestes tempos em que os poderes públicos se dissolvem nos organismos internacionais.

Seria…

Em Espanha ainda ligam a essas m…!

E agora que já conheço um pouco mais da história local posso dizer, mais seguramente, que é tudo inventado. Imaginação fértil!

Isto já foi invadido e dominado por tudo e todos! Romanos, Celtas, Visigodos, árabes…todos já cá deixaram as suas marcas culturais. Nomeadamente o seu sangue! E os vários “rei católicos” da península já lutaram e casaram entre si muitas vezes. E também com muitos outros. E foram, tal como nós, influenciados pelos “índios” que encontraram nas suas respectivas “Índias”. E foram todos influenciados por franceses, ingleses e agora estado unidenses…

Nada na Espanha é PURO.
Até o Ronaldo já é Espanhol!
E dito isto só há que rir das supostas especificidades nacionalistas que alguns regionalistas espanhóis empolam…

Mas eles gostam de perder tempo e dinheiro com isto, O que se há-de fazer? Deixá-los andar.

2 comments:

Ossos said...

Deixá-los!

Mary Lamb said...

António, o 'Here lies the heart' está quase a chegar, dizem-me... Faço-to chegar...