25.1.06

Aceitar a insatisfação

Insatisfação

Em todo lado. Há problemas. Se não há, inventam-se!

Em todo lado que há problemas há insatisfação. Há insatisfação em todo lado.

Insatisfação é a força motriz do mundo. A natureza dota-nos desse gene, perfeitamente integrado no complexo do ego, para que a mudança seja permanente e com ela a realidade se vá renovando continuamente. E assim temos a evolução. Uma evolução em que tudo muda para ficar tudo na mesma.

Estou aqui a pregar uma idílica aceitação que afasta os problemas e anula a insatisfação?

Não. Até porque aceitar a natureza e o homem significa precisamente aceitar os problemas e a insatisfação como parte da existência!

Há pouco tempo fiz uma viagem de Portugal para aqui (Asturias) em que, por desgraça, só pode ouvir rádio.

Rádios espanholas!!! ARGHHH! Durante duas horas ouvi um daqueles debates tipícos de rádio espanhola em que, basicamente, se diz mal de tudo. De absolutamente tudo! E num tom grosso e agressivo, com criticas ferozes.

Nesse curto espaço de tempo ouvi os argumentistas dizerem várias vezes que em vários aspectos a Espanha é um país terceiro mundista, em que os empregados são explorados, um crime contra a família, e quase há escravatura, blá, blá, blá… E, claro, não se referiam aos emigras sub-sarianos que para aqui vêm por imaginarem isto um paraíso. Era sobre os terríveis problemas que os espanhóis supostamente enfrentam! Do ponto de vista deles claro.

Já algumas vezes por aqui ouvi falar de Portugal como um país que se está a desenvolver muitíssimo. Que está avançadíssimo! Só os portugueses é que parecem não concordar.

O País Basco é a região mais rica da Espanha. Resultado: terrorismo! Sim, é fruto da insatisfação. Os jovens acham a causa fantástica. Talvez por não haver nada mais com que se preocupar de facto.

A Catalunha é rica. Ao melhor nível Europeu. Resultado: andam embrenhados nas questões nacionalistas, que, para mim que vejo de fora, parece um bom problema para entreter a quem não tem problemas.

E assim vai…


3 comments:

Mary Lamb said...

Felizmente tendo a cada vez mais ficar satisfeita com o que de bom me acontece. Seja cá ou noutro sítio qualquer. As coisas menos boas? Embrulho-as em papel de seda e guardo-as para quando parecerem melhores.
Felicidades!

trintapermanente said...

está tudo na nossa cabeça. o querer e fazer com que aconteça. está na hora, de facto, de parar de sermos vitmas das nossas vidas que não é mais do que sermost vitimas de nos mesmos. ja que permitimos que isso aconteça.

Jorge Ventura said...

Não é a insatisfação permanente uma característica do Homem?E por cada necessidade satisfeita não aparece logo outra nova...?
Para nos libertarmos do círculo é o cabo dos trabalhos...