9.2.06


Há vida mais aquém.

Somos cada vez mais sugados para esta dinâmica extremista: Islão radical X ocidente (pseudo) liberal. Qualquer pretexto serve.

Consigo colocar-me no ponto de vista das várias partes e entendê-las.

Os judeus, no fim de mais de dois mil anos de perseguições, conversões forçadas ou simples erradicação, principalmente ás mão de cristãos, chegaram a conclusão que precisavam do “seu” país. E porque não um local que para eles era histórico e que há um século atrás não era muito importante para ninguém importante? Os Europeus cristãos, entre sentimentos de culpa e júbilo pela ideia de finalmente se livrarem dos judeus, acharam a ideia fantástica e apoiaram-na.

Tudo bem não fosse pelo facto de já lá viver gente. E de os mesmo europeus (ingleses sobretudo) terem prometido, ao mesmo tempo, a independência daqueles territórios ás tribos palestinianas que as habitavam há milénios.

Esses palestinos acreditavam na palavra dos ingleses e por ela lutaram na grande guerra para logo serem traídos. A confiança na palavra do ocidente quebrou-se. Foram invadidos e usurpados das suas casas, e a cada tentativa de resistir à invasão perdem cada vez mais. E não foram só os judeus. As petrolíferas e os seus países protectores também “aterraram” de forma mais contundente que durante qualquer outra altura do domínio ocidental! No processo de invasão os palestinianos não perderam só as terras. Perdem também a dignidade e a esperança, ao ponto de a morte não parecer uma opção desprezível. O Islão que até aí era dividido e fraco, e até tolerante e amistoso, tornou-se vital. É o único ponto de união e logo de força. Agora que o poder e ideias soviéticas desapareceram, o Islão é a única realidade que dá sentido e esperança a quem não tem nada. Um Islão que assim se radicaliza e expande cada vez mais.

E os europeus no meio disto?

Estamos presos nas encruzilhadas que nós mesmos tecemos.

Entre culpa e fobia aos judeus apoiamo-los. Os islâmicos desprezamos enquanto tal, mas estamos absolutamente dependentes da exploração barata do seu petróleo. E também da sua população emergente nas próprias cidades europeias! Pelo meio ainda somos cristãos (cada vez menos convictos e praticantes) mas também queremos ser laicos e pouco desejamos entrar em novas cruzadas. Aliás queremos ser tudo: tolerantes e respeitadores das diferenças, mas também com vontade de “exportar” a nossa democracia e valores aos “bárbaros”, o que não só é inviável como nos é prejudicial. Temos orgulho no nosso “estado social” e solidariedade, mas ao mesmo tempo fazemos uma salvaguarda quase fanática de uma suposta liberdade individual (incluindo de expressão), que acaba por ser uma arma politicamente conveniente quando queremos atacar alguém e sair impunes…

Enfim, andamos presos nas nossas próprias contradições.

Eu percebo-me como à própria Europa. Sem saber o que sentir e pensar. Sem conclusões nem soluções. Impotente. Sem querer este problema mas incapaz de evitar que ele cresça e nos sugue para o seu interior.

Não! Resisto!

Não gosto nem desejo este conflito civilizacional. Sei que não o posso impedir, mas não o alimentarei!

Não sucumbirei. Não já.

E se há perigo de morte nesse jogo de merda, então mais um motivo para não o jogar.

Não. Não o alimentarei. Não me alimentarei disto.

Sim, este perigo é mais um motivo para aproveitar a vida mais aquém, no seu aspecto mais positivo.

Que os judeus e os árabes se fod…, de preferência no tão seu querido deserto.

E aliás, se quisesse viver de medo, não apontava para aí. Andamos distraídos. O perigo mais presente e real para o nosso tão prezado “estilo de vida” civilizacional é mais discreto, mas muito mais poderoso. Vem do oriente…do extremo oriente.

2 comments:

Mary Lamb said...

Faz todo o sentido.
E faz tão pouco sentido tudo o que nos faz mal. E ainda assim, continua a fazer sem tido sem ter sem ser sem nada com tudo com vida com imaginação a par do que nos faz continuar.
Confused? Cunfusion. Con fusão
He He He

António said...

Não. Nada confuso....?!!?!!