Historial de tábuas...só para surfistas!
A prancha mágica
Comecei a fazer bodysurf pelos meus 8 anos, na Nazaré. Aos 12 tive a minha prancha de bodyboard (umas azuis, sem laminado…rsrsr). Aos 13 anos (ainda nos anos 80!!!) tive a minha primeira prancha de surf. Uma Hot Butterhead (Australiana) que o “Grilo”, o surfista mais antigo da Nazaré e amigo dos meus pais, comprou a um “bife” e revendeu aos meus pais, para mim! Era uma 6´5 toda azul, grossa e larga, round tail, V entre as quilhas… era uma prancha qu enaqueles tempos se usava para ondas médias e grandes. E foi nela que aprendi nos dois primeiros anos. E a minha irmã ainda fez nela as primeiras ondas. Hoje pagava para voltar a tê-la.
Depois comprei uma Pólen numa surfshop da Nazaré. O motivo da escolha foi o “airbush”, mas acabou por ser uma boa escolha. Era moldada pelo melhor shaper português de sempre, e fundador da própria marca: Fernando Horta (já falecido).
Depois dessa já tive umas 10 mais. E surfei com umas 20. Várias delas de segunda mão, que isto das pranchas é como nos carros: mal se compra já desvalorizou quase metade. Comprei a "pros" em campeonatos, a amigos, a fábricas de pranchas sob medida, em lojas de segunda mão...
Quando comecei só havia pranchas de surf e body board. Era simples.
No inicio dos anos 90, por influência de uam nova geração de surfistas profissionais (a do kelly Slater) que apareceu a fazer manobras muito radicais, as pranchas ficaram muito finas, estreitas, e com muito rocker. Óptimas para surfistas profissionais, jovens, leves, com óptima técnica, que conseguiam não só aproveitar a energia da onda, mas também gerar força própria, mantendo essas pranchas em movimento contínuo. Mas para um surfista médio, ou, pior ainda, para um surfista fora de forma e fraca técnica (como eu, por exemplo) essas pranchas não eram boas. Remavam pouco e afundavam o rail. Não funcionavam nada bem. E isso começou a abrir-me a cabeça para outras possibilidades. E não só a mim.
Entretanto começaram a (re)aparecer os “longboard” que rapidamente adquiriram estatuto e categorias competitivas. Mas era uma coisa de surfistas antigos, fora de forma que queriam surfar ondas pequenas. Das “longboard” desdobraram-se as “Malibu”, que básicamente são “longbords” mais curtos e menos volumosos. Por volta de 1992, o Tom Curren surfou um “heat” num campeonato em Biarritz com uma prancha “fish” biquilha do inicio dos anos 70, que eram as precursoras das biquilha que estiveram de moda no final dessa década. Como até ganhou o dito heat (contra Matt Hoy) lançou a moda dessas pranchas, as quais inclusivamente testou no Hawai em ondas relativamente grandes. Essa moda tem vindo a ganhar cada vez mais espaço, e está hoje no auge. Pranchas pequenas (até 6´0), com o tail largo em forma de rabo de peixe e vários tipos e números diferentes de quilhas (de 2 a té 4). São pranchas muito rápidas e soltas em ondas pequenas! Essas pranchas abriram espaço para toda uma moda de pranchas “retro” que são imitações puras ou adaptadas de modelos antigos, a maioria dos anos 70 e 80. As dos anos 70 são sobretudo exercicios de estilo e nostalogia. As dos 80 são pranchas normais, de alta performance, que são demandadas por surfistas que querem manobrar bastante, mas sem a fundarem! Junte-se a tudo isso os modelos “híbridos”, que mesclam características de alguns desses modelos, e ainda o facto de a industria estar a sofrer uma revolução com a introdução de novos materiais e métodos de construção, e chega-se a este situação actual em que há muitas possibilidades de modelos absolutamente diferentes disponíveis, o que é bom, mas que faz o pessoal andar meio perdido perante tanta opção, pois a maioria não tem nem $ nem tempo para experimentar nem uma pequena fracção do que há para aí.
Eu pessoalmente estou desejoso para experimentar um desses híbridos, feito pelo Lufi (dá gosto ver o sucesso que faz por aqui) que é 6´6, triquilha, grossa, pouco rocker à frente, rails bem deitados atrás metade da frente longboard, metade de trás prancha normal… Deve ser óptima para onda pequena até 1m.
Voltando atrás…
Ainda lá na década de 90, quando ainda se compravam muitas pranchas aos estrangeiros nos campeonatos, e as noticias eram via revista de surf, (a mais presente era a Fluir, que chegava com 6 meses de atraso (!) e a Surf Portugal, ainda nos primeiros passos), eu estava muito interessado no surf. Ia aos campeonatos, lia tudo o que podia sobre o assunto, via os raros filmes que apareciam muitas vezes, em câmara lenta, e sobretudo tentava ir o máximo de vezes possível ao Baleal, a minha “Meca” surfistica. Também media as minhas pranchas e procurava falar com shapers e surfar com o máximo de tábuas diferentes para perceber como funcionavam. E percebi. A única coisa que não fiz foi fazer uma. Mas de resto fiquei a perceber bastante bem todos os aspectos de uma prancha de surf, com excepção das quilhas, cujo design ainda me é algo nublouso…
Por essas alturas eu já sabia que queria uma prancha um pouco mais volumosa do que estava na moda. Percebi que precisava de mais volume no rail ao meio para não enterra-lo e cair, pois, no meu caso, faço mais força/peso no pé da frente. O rail atrás deve ser fino e deitado para entrar bem com a pouca força que faço atrás, e prefiro pouco rocker (curva de fundo) à frente para remar melhor, e mais atrás, para ficar mais manobrável…
Mais ou menos quando estava a perceber tudo isso no meu surf e nas pranchas encontrei a minha “prancha mágica”! (Uma variação daquele ensinamento: “quando o discípulo está pronto o mestre aparece”). A prancha mágica é aquela em que nos encaixamos com facilidade, conforto e que nos dá confiança plena e nos permite extrair o melhor das nossas possibilidades e da onda. Aquela que faz com que o surfista a própria prancha e a onda se conectem com perfeição.
A minha prancha mágica era…muito velha! O meu amigo/treinador tinha-a comprado a um “bife” no Baleal que por sua vez a tinha comprado ao Tom Curren. Entretanto tinha vendido a outro amigo alcobacense que nunca a usou. E já não sei porquê veio parar ás minhas mãos por empréstimo. Estava com alguns buracos mas ainda em razoável bom estado. Restaurei-a a primeira de várias vezes em menos de dois anos! A prancha era de meados dos anos 80. Uma Channel Island (curiosamente shapeada por Doug Bell, um dos seus shapers empregados). 6´0, 19 ½, 2 ½, o típico shape do Al Merrick, com squash tail e wing, um shape que esse consagradíssimo shaper ainda vende como clássico!
Surfei melhor nessa prancha que em qualquer outra antes ou depois. Sentia-me confiante para take off atrasados e até para surfar supertubos com 1,5-2m. Apesar de ser uma tábua para ondas até metro, entrava com ela sem problemas no Legide com 2 metrões! Nunca enterrava o rail, remava bem…enfim! Era perfeita, para mim!
Tinha amigos que riam da minha prancha tão velhinha. Parecia um tronco! Não entendiam. Mas também não tinham de entender…o prazer era todo meu!
Tentei encontrar outra, mas ainda não consegui. Novas são caras. E também há que ir experimentando coisas diferentes. Mas ainda sonho com essa prancha.
Agora estou com uma Lufi que não é má, mas também não é nada de especial. E não a vou reformar tão depressa. Quando tenha $ ou invisto numa CI clássico, como a minha mágica, ou mando fazer à medida, exactamente como eu sei que gosto: 6´3; 20`; 3`, round pin, V suave entre as quilhas…Grossa, larga, rema muito bem, e serve muito bem para todo tipo de ondas até 2 metros. E mais eu não surfo!
Claro que nisto das pranchas, onde a manufactura ainda é rainha, nunca se sabe se a prancha funciona bem ou não até a experimentar, debaixo do pé, na onda…
Espero que se é surfista também possa encontrar a sua prancha “mágica”. É uma sensação muito boa.
Comecei a fazer bodysurf pelos meus 8 anos, na Nazaré. Aos 12 tive a minha prancha de bodyboard (umas azuis, sem laminado…rsrsr). Aos 13 anos (ainda nos anos 80!!!) tive a minha primeira prancha de surf. Uma Hot Butterhead (Australiana) que o “Grilo”, o surfista mais antigo da Nazaré e amigo dos meus pais, comprou a um “bife” e revendeu aos meus pais, para mim! Era uma 6´5 toda azul, grossa e larga, round tail, V entre as quilhas… era uma prancha qu enaqueles tempos se usava para ondas médias e grandes. E foi nela que aprendi nos dois primeiros anos. E a minha irmã ainda fez nela as primeiras ondas. Hoje pagava para voltar a tê-la.
Depois comprei uma Pólen numa surfshop da Nazaré. O motivo da escolha foi o “airbush”, mas acabou por ser uma boa escolha. Era moldada pelo melhor shaper português de sempre, e fundador da própria marca: Fernando Horta (já falecido).
Depois dessa já tive umas 10 mais. E surfei com umas 20. Várias delas de segunda mão, que isto das pranchas é como nos carros: mal se compra já desvalorizou quase metade. Comprei a "pros" em campeonatos, a amigos, a fábricas de pranchas sob medida, em lojas de segunda mão...
Quando comecei só havia pranchas de surf e body board. Era simples.
No inicio dos anos 90, por influência de uam nova geração de surfistas profissionais (a do kelly Slater) que apareceu a fazer manobras muito radicais, as pranchas ficaram muito finas, estreitas, e com muito rocker. Óptimas para surfistas profissionais, jovens, leves, com óptima técnica, que conseguiam não só aproveitar a energia da onda, mas também gerar força própria, mantendo essas pranchas em movimento contínuo. Mas para um surfista médio, ou, pior ainda, para um surfista fora de forma e fraca técnica (como eu, por exemplo) essas pranchas não eram boas. Remavam pouco e afundavam o rail. Não funcionavam nada bem. E isso começou a abrir-me a cabeça para outras possibilidades. E não só a mim.
Entretanto começaram a (re)aparecer os “longboard” que rapidamente adquiriram estatuto e categorias competitivas. Mas era uma coisa de surfistas antigos, fora de forma que queriam surfar ondas pequenas. Das “longboard” desdobraram-se as “Malibu”, que básicamente são “longbords” mais curtos e menos volumosos. Por volta de 1992, o Tom Curren surfou um “heat” num campeonato em Biarritz com uma prancha “fish” biquilha do inicio dos anos 70, que eram as precursoras das biquilha que estiveram de moda no final dessa década. Como até ganhou o dito heat (contra Matt Hoy) lançou a moda dessas pranchas, as quais inclusivamente testou no Hawai em ondas relativamente grandes. Essa moda tem vindo a ganhar cada vez mais espaço, e está hoje no auge. Pranchas pequenas (até 6´0), com o tail largo em forma de rabo de peixe e vários tipos e números diferentes de quilhas (de 2 a té 4). São pranchas muito rápidas e soltas em ondas pequenas! Essas pranchas abriram espaço para toda uma moda de pranchas “retro” que são imitações puras ou adaptadas de modelos antigos, a maioria dos anos 70 e 80. As dos anos 70 são sobretudo exercicios de estilo e nostalogia. As dos 80 são pranchas normais, de alta performance, que são demandadas por surfistas que querem manobrar bastante, mas sem a fundarem! Junte-se a tudo isso os modelos “híbridos”, que mesclam características de alguns desses modelos, e ainda o facto de a industria estar a sofrer uma revolução com a introdução de novos materiais e métodos de construção, e chega-se a este situação actual em que há muitas possibilidades de modelos absolutamente diferentes disponíveis, o que é bom, mas que faz o pessoal andar meio perdido perante tanta opção, pois a maioria não tem nem $ nem tempo para experimentar nem uma pequena fracção do que há para aí.
Eu pessoalmente estou desejoso para experimentar um desses híbridos, feito pelo Lufi (dá gosto ver o sucesso que faz por aqui) que é 6´6, triquilha, grossa, pouco rocker à frente, rails bem deitados atrás metade da frente longboard, metade de trás prancha normal… Deve ser óptima para onda pequena até 1m.
Voltando atrás…
Ainda lá na década de 90, quando ainda se compravam muitas pranchas aos estrangeiros nos campeonatos, e as noticias eram via revista de surf, (a mais presente era a Fluir, que chegava com 6 meses de atraso (!) e a Surf Portugal, ainda nos primeiros passos), eu estava muito interessado no surf. Ia aos campeonatos, lia tudo o que podia sobre o assunto, via os raros filmes que apareciam muitas vezes, em câmara lenta, e sobretudo tentava ir o máximo de vezes possível ao Baleal, a minha “Meca” surfistica. Também media as minhas pranchas e procurava falar com shapers e surfar com o máximo de tábuas diferentes para perceber como funcionavam. E percebi. A única coisa que não fiz foi fazer uma. Mas de resto fiquei a perceber bastante bem todos os aspectos de uma prancha de surf, com excepção das quilhas, cujo design ainda me é algo nublouso…
Por essas alturas eu já sabia que queria uma prancha um pouco mais volumosa do que estava na moda. Percebi que precisava de mais volume no rail ao meio para não enterra-lo e cair, pois, no meu caso, faço mais força/peso no pé da frente. O rail atrás deve ser fino e deitado para entrar bem com a pouca força que faço atrás, e prefiro pouco rocker (curva de fundo) à frente para remar melhor, e mais atrás, para ficar mais manobrável…
Mais ou menos quando estava a perceber tudo isso no meu surf e nas pranchas encontrei a minha “prancha mágica”! (Uma variação daquele ensinamento: “quando o discípulo está pronto o mestre aparece”). A prancha mágica é aquela em que nos encaixamos com facilidade, conforto e que nos dá confiança plena e nos permite extrair o melhor das nossas possibilidades e da onda. Aquela que faz com que o surfista a própria prancha e a onda se conectem com perfeição.
A minha prancha mágica era…muito velha! O meu amigo/treinador tinha-a comprado a um “bife” no Baleal que por sua vez a tinha comprado ao Tom Curren. Entretanto tinha vendido a outro amigo alcobacense que nunca a usou. E já não sei porquê veio parar ás minhas mãos por empréstimo. Estava com alguns buracos mas ainda em razoável bom estado. Restaurei-a a primeira de várias vezes em menos de dois anos! A prancha era de meados dos anos 80. Uma Channel Island (curiosamente shapeada por Doug Bell, um dos seus shapers empregados). 6´0, 19 ½, 2 ½, o típico shape do Al Merrick, com squash tail e wing, um shape que esse consagradíssimo shaper ainda vende como clássico!
Surfei melhor nessa prancha que em qualquer outra antes ou depois. Sentia-me confiante para take off atrasados e até para surfar supertubos com 1,5-2m. Apesar de ser uma tábua para ondas até metro, entrava com ela sem problemas no Legide com 2 metrões! Nunca enterrava o rail, remava bem…enfim! Era perfeita, para mim!
Tinha amigos que riam da minha prancha tão velhinha. Parecia um tronco! Não entendiam. Mas também não tinham de entender…o prazer era todo meu!
Tentei encontrar outra, mas ainda não consegui. Novas são caras. E também há que ir experimentando coisas diferentes. Mas ainda sonho com essa prancha.
Agora estou com uma Lufi que não é má, mas também não é nada de especial. E não a vou reformar tão depressa. Quando tenha $ ou invisto numa CI clássico, como a minha mágica, ou mando fazer à medida, exactamente como eu sei que gosto: 6´3; 20`; 3`, round pin, V suave entre as quilhas…Grossa, larga, rema muito bem, e serve muito bem para todo tipo de ondas até 2 metros. E mais eu não surfo!
Claro que nisto das pranchas, onde a manufactura ainda é rainha, nunca se sabe se a prancha funciona bem ou não até a experimentar, debaixo do pé, na onda…
Espero que se é surfista também possa encontrar a sua prancha “mágica”. É uma sensação muito boa.
2 comments:
yo bro, não esquecer que o billabong pro mundaka está a arrancar. Olha a oportunidade de fazer nyasa e sat sanga com os mestres....
Se fosse a ti, não perdia........
Abraço,
Carlos
É incrivel essa revolução que a internet está a operar. Até há um ano esperava uns dias qu eos sites actualizassem as noticias. Até há 2-3 era pelo menos um mês para ser informado pelas revistas. Quando comecei a info chegava principalmente por revistas brasileiras que chegavam com 6 meses(!!!)de atraso! Agora é em directo! E com direito a repetição e comentários, até de campeões mundias! No ultimo estava o Martin Potter e o Kelly slater o a mesmo tempo. Fantástico!
Agora, ir lá, até faz correr o risco de ver menos e pior!
Em frança gostava de ter ido, pois os gajos surfam a poucos metros da aREIA EM GRANDES TUBOS...
António
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