12.10.06

Sugestões culturais...

Livros
Nunca li muito. Muitos livros, especifique-se. Devo andar na média de uns dez por ano (extra os profissionais), e desses nem metade são ficção. Sou da era mais “visual”. Em duas horas tenho acesso a uma história com palavras, imagem e som! Quase dá para dizer que não dá para competir com isso...mas dá! Ler, por si só, compete com isso. O que o leitor perde em estímulos externos ganha em actividade interna. Em interpretação e imaginação. E não é preciso ser um grande leitor para saber que a riqueza de um romance escrito raramente pode ser alcançada por um filme, mesmo pensando nos melhores.

Isto a propósito de quê?

Acabei de ler mais um. O outro de Gonçalo Cadilhe. O seu primeiro. Planisfério pessoal. A sua volta ao mundo por terra e mar. Pouco mais que as crônicas publicadas pelo expresso ao longo de quase dois anos.

É um gajo lúcido e despretensioso, que construiu e se encontrou nesse estilo de vida, através do qual se descobre a si e ao mundo. E o mais engraçado é que ele não faz nada o tipo “aventureiro”. É quase um betinho! É surfista, mas isso não aparece nas crónicas. Básicamente é um português de classe média, um gajo absolutamente normal, que não estava disposto a ter um emprego das nove ás cinco e se tem devotado ás viagens que tanto gosta. E esse empenho acaba por lhe render frutos. O fruto do reconhecimento e do sucesso. A retribuição.

A viagem está bem passada a escrito. Não é poema nem prosa da mais elevada, mas tem uns quantos momentos bem inspirados. Não é um roteiro pelos locais mais turisticos do mundo, mas também passa por alguns. Não é o prototipo de acção, tensão e emoção permanente, mas tem os seus momentos quentes. Não é uma contemplação ingénua, idealista nem critica, mas também contém um pouco disso tudo. É, acima de tudo, a vivência pessoal do autor. E é interessante. Para mim foi uma delica. Fez-me viajar com ele. E sobretudo deu-me ganas de viajar mais. O que é que se pode querer mais?

Entretanto voltei ao que lia antes: Memórias de Adriano, da M. Youcenar. Outro genero. Outra pretensão. Outra categoria.
E por falar em sugestões culturais: ontem vi "Os Borgia", a última grande produção espanhola. Um retrato de um papa e o seu clã. Um papa espanhol. Como diria o meu amigo José: "assim somos os espanhóis: ambiciosos, sanguinários, depravados!"

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